A Dow Chemical, gigante norte-americana de produtos químicos, anunciou ontem que irá fechar 20 fábricas e cortar 5 mil empregos, o que equivale a 11% de sua força de trabalho mundial. Além disso, a companhia também deve se desfazer de "negócios não estratégicos", conforme classificou em comunicado, e desativar temporariamente outras 180 unidades, o que levará ao desligamento de mais 6 mil funcionários terceirizados. Com estas medidas, a Dow calcula reduzir custos em US$ 700 milhões até 2010.
"Estas unidades representam cerca de 30% de nossas fábricas no mundo e estão distribuídas principalmente entre América do Norte e Europa", informou o presidente da empresa, Andrew Liveris, em teleconferência realizada ontem com o mercado.
As medidas foram precipitadas pelo agravamento da crise mundial e pela queda na demanda. A situação econômica, de acordo com a Dow, acelerou um processo de reestruturação dos quadros que a companhia já vinha promovendo desde o ano passado, que incluiu uma série de ações para redução de custos, entre fechamento de fábricas, venda de divisões, união interna de unidades de negócios e aquisições.
No Brasil, por exemplo, entre fim de 2007 e início de 2008, a Dow vendeu uma unidade de polietileno (Cubatão, SP), outra de celulose (Camaçari, BA) e deixou sua participação da Petroquímica União. Em julho, quando informou, em nível mundial, a compra da fabricante de especialidades químicas Rohm and Haas, por US$ 15,3 bilhões, a Dow já havia anunciado uma projeção de redução nos custos em US$ 800 bilhões, como conseqüência da união das operações. Somadas, as medidas irão nos trazer uma redução de custos de US$ 1,5 bilhão até o fim de 2010", disse durante a teleconferência o vice-presidente executivo da empresa, Geoffery Merszei.
Até o fechamento desta edição, a empresa não informou se os cortes afetarão as operações da Dow no Brasil. No País, a companhia possui 19 fábricas e faturou R$ 2,5 bilhões no ano passado. Mundialmente, as vendas da Dow atingiram US$ 54 bilhões, alta de 10% sobre 2006. No mesmo período os lucros tiveram uma queda de 16%, para US$ 2,9 bilhões. Foi esta trajetória de queda que levou, desde o ano passado, a empresa a iniciar o projeto de corte de custos e reestruturação.
Mais reduções
A ação da Dow se junta a outras gigantes mundiais da indústria química que há pouco menos de um mês já começaram a anunciar os primeiros cortes.
Em 20 de novembro, a alemã Basf - que no Brasil produz as tintas Suvinil, além tintas industriais e produtos agrícolas - informou o fechamento temporário de 80 de suas mais de 400 fábricas, além de reduzir a pro-dução em outras 100, para evitar excesso de capacidade e reduzir estoques, até final de janeiro.
As unidades atingidas estão concentradas na Europa, Estados Unidos e Ásia, e, segundo a empresa, não afetou a atividade de nenhuma das oito fábricas e dos 3,3 mil funcionários que matém no Brasil.
Na sexta-feira passada foi a vez da DuPont, terceira maior fabricante norte-americana de produtos químicos, que cortará 2,5 mil funcionários, 4,2% de sua força de trabalho mundial. A decisão pelos cortes veio junto com uma previsão de perdas no quarto trimestre entre US$ 0,20 e US$ 0,30 por ação, ao contrário de previsão anterior, feita em outubro, que estimava lucros entre US$ 0,20 e US$ 0,25.
Corte influencia gás
As reduções anunciadas pela Dow, maior fabricante de produtos químicos nos Estados Unidos, levaram os contratos futuros do gás natural a terem ontem, em Nova York, sua quinta queda consecutiva e o único contrato de energia a registrar queda nesta segunda-feira.
"A Dow é uma grande consumidora de gás", disse Phil Flynn, negociador da Alraon Trading Co. "O gás natural está focado no fato de a demanda industrial estar fraca", completou. A indústria química respondeu por 6,2% do consumo total de energia nos Estados Unidos, segundo o Conselho Americano de Química, e o gás representa 33% dessa demanda.
Veículo: Gazeta Mercantil