Com uma área cultivada de cerca de 24 mil hectares de frutas, onde são gerados cerca de 60 mil empregos diretos, a cadeia produtiva da fruticultura no Norte de Minas vai ganhar, a partir deste mês, um reforço com o lançamento da estratégia de place branding da região do Jaíba. Trata-se de um sistema que certifica o produto quanto à sua qualidade e local de origem, que é tratado como uma marca comercial.
O place branding é uma recente área do marketing que tem por objetivo a construção e a divulgação das localidades como marcas, sejam elas cidades, regiões ou países. As ferramentas desta estratégia trabalham a serviço da competitividade dos produtos dessas localidades. Os lugares são tratados como empresas. Nesse caso, o trabalho do branding é construir a marca e gerenciar a imagem dos lugares a fim de atrair investimentos externos, turistas, fama e até mesmo eventos internacionais.
Por meio dessa estratégia, a região do Jaíba ganhará status de marca e os produtos originários dessa localidade serão identificados com um selo que atesta sua origem e qualidade. Além da banana, os produtos de destaque da fruticultura norte-mineira são limão, manga, mamão, maracujá, abacaxi, goiaba e atemóia. Os principais mercados consumidores dos produtos são Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Salvador.
O lançamento da estratégia acontecerá dia 28 de novembro, no Centro de Eventos de Jaíba. "Trata-se de uma iniciativa que vem sendo trabalhada nos últimos sete anos e que, entre outros benefícios, tem proporcionado a inserção do Norte de Minas na pauta de exportações de frutas e vem garantindo a melhoria da qualidade dos produtos, bem como a profissionalização de pequenos produtores rurais e empresários", ressalta o gestor do Projeto Fruticultura, por parte do Sebrae Minas, Jadilson Ferreira Borges.
Identidade - Segundo levantamento do Sebrae, juntas, as entidades parceiras do arranjo produtivo da fruticultura na região já investiram pelo menos R$ 2 milhões no projeto. Com o lançamento da marca Jaíba, que está sendo trabalhada por uma empresa de consultoria de São Paulo especializada na construção de identidade regional, Borges entende que a iniciativa traz novas perspectivas para a fruticultura regional.
A gestão do uso da marca será conduzida por um conselho gestor, que estabelecerá os critérios a serem seguidos por parte de produtores rurais e empresários. "A ideia é trabalharmos o conceito de região", explica o gestor, lembrando que, para isso, nos últimos sete anos, as entidades parceiras investiram na organização das associações e cooperativas de agricultores.
Outra ação implementada neste sentido foi a participação de produtores rurais e lideranças em missões internacionais, a fim de abrir novas perspectivas para a exportação dos produtos norte-mineiros, além de trazer aos produtores um conhecimento prático sobre as exigências do mercado importador de frutas. A certificação de produtos pela marca Jaíba será um estímulo importante à abertura de novas portas no mercado externo.
Nos últimos anos, vários empresários e produtores rurais participaram de missões internacionais. Só no ano passado, 42 agricultores foram a Berlim, na Alemanha, onde participaram da Fruit Logística, a maior feira internacional de frutas. Outro grupo de lideranças esteve em Portugal, onde estabeleceu intercâmbio com empresários europeus e parcerias para comercialização de frutas no continente.
Exportação - Para garantir a exportação de manga e limão para a Europa, 30 produtores da região possuem a certificação internacional Global Gap, destinado ao setor de alimentos, que atesta não só a qualidade do produto final, mas também questões sanitárias e de sustentabilidade.
Outras 17 propriedades rurais também estão passando por processo de certificação, o que poderá resultar, a partir de 2013, na exportação de banana prata norte-mineira para a Europa. Trata-se de um produto considerado exótico no mercado internacional, que é dominado pelo consumo de banana nanica.
A iniciativa é do Programa de Apoio à Competitividade dos Arranjos Produtivos Locais do Estado de Minas Gerais (APLs), que tem a participação do governo de Minas - por meio da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior -, do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MG), da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da Associação dos Fruticultores do Norte de Minas (Abanorte).
Veículo: Diário do Comércio - MG