Em videogame, falar português vira requisito para crescer

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Falar português não é imprescindível, mas conta pontos valiosos para os personagens de videogame que pretendem conquistar jogadores brasileiros. Atentas ao crescimento do mercado de jogos no Brasil, as principais desenvolvedoras mundiais do setor já se deram conta dessa importância. O resultado tem sido o lançamento de um número cada vez maior de jogos com legenda ou áudio em português.

A Activision Blizzard, criadora de jogos controlada pelo grupo francês Vivendi, lança neste mês seus primeiros títulos com áudio em português. A Capcom, conhecida por séries como "Street Fighter" e "Resident Evil", seguiu o mesmo caminho e começou a vender seu primeiro jogo com legendas no idioma em outubro.

As empresas que já tinham jogos com áudio ou legenda em português passaram a investir com mais frequência nesses recursos. É o caso da francesa Ubisoft. No ano passado, a companhia lançou cinco jogos legendados, número que dobrou em 2012. A empresa também investiu cerca de R$ 500 mil para dublar as mais de 40 horas do jogo "Assassins Creed 3", sua série de maior sucesso.

"Isso nos ajuda a vender mais, porque tem muita gente que não fala inglês no Brasil", disse Bertrand Chaverot, diretor da Ubisoft no país. Segundo ele, ao deixar de ser uma exclusividade das classes A e B, o mercado de videogames exige mais esforços com relação a legendas e áudio em português.

O crescimento do comércio de videogames facilitou o trabalho de executivos locais para convencer a matriz sobre a importância da legenda e do áudio em português. A equação feita pelas companhias é simples: com um volume maior de vendas, o investimento necessário para a produção do áudio ou da legenda paga-se mais rápido, dizem executivos do setor. "O Brasil é um mercado no qual a companhia está apostando cada vez mais", disse Max Morais, gerente de vendas e marketing da Activision Blizzard na América Latina.

Nos primeiros nove meses do ano, as vendas de jogos de videogame cresceram 144% em relação ao mesmo período de 2011, para 3,6 milhões de unidades, segundo dados da consultoria Gfk Retail and Technology. A queda nos preços foi o principal motor desse crescimento. Entre janeiro e setembro, o preço médio de um jogo de videogame no Brasil foi R$ 98, ante R$ 125 no mesmo período do ano anterior. "Esses são dados que mostram uma migração do consumidor para o mercado formal", disse Oliver Romerscheidt, diretor de negócios da Gfk.

Um levantamento recente do Ibope Media também mostrou que 23% dos brasileiros joga videogame ou algum tipo de jogo eletrônico, o equivalente a 45,2 milhões de pessoas.

Apesar de ter começado a adotar recursos de áudio e legenda em português em seus títulos há cerca de cinco anos, a Microsoft, dona do console Xbox 360, também intensificou o investimento nesse tipo de recurso recentemente. Desde setembro, todos os jogos lançados pela empresa têm áudio em português. Somando jogos com áudio e legenda, 22 dos 30 títulos criados pela Microsoft e vendidos no Brasil são regionalizados.

No caso da Sony, que vende o console PlayStation, essa estratégia começou em março do ano passado, com o lançamento do videogame "Kill Zone 3". Atualmente, a companhia vende no país seis jogos com áudio e legenda e 20 somente com legenda.

O processo para criação de legenda para jogos costuma ser mais simples. Quando trata-se da dublagem, porém, o trabalho é mais complexo, dizem executivos de empresas ouvidas pelo Valor. No jogo "Assassins Creed 3", por exemplo, foram necessários cerca de 70 atores para interpretar todas as vozes de personagens presentes no jogo.

"Sabemos que o consumidor é exigente e quer ouvir vozes adequadas ao perfil do jogo", disse Pedro Caramuru, gerente de games da Sony. É por conta dessa preocupação que as criadoras de jogos têm parceiros locais para o trabalho de dublagem. "Fazemos isso para evitar que os personagens tenham sotaques de outros países", disse Guilherme Camargo, gerente de produto do Xbox 360 da Microsoft no Brasil.



Veículo: Valor Econômico



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