Empresa com planta em Três Pontas comemora 75 anos e prevê crescimento de 10% a 15% neste ano.
Nos últimos 75 anos boa parte das crianças brasileiras se divertiu com os produtos da Brinquedos Estrela S.A. A empresa que começou como uma modesta fábrica de bonecas de pano e brinquedos de madeira faturou em 2011 o montante de R$ 159 milhões e deve chegar ao fim deste ano com um crescimento entre 10% e 15%. Segundo o diretor de marketing da Estrela, Aires Leal Fernandes, as comemorações já começaram com um olho na história e outro nas novidades tecnológicas que tanto encantam as crianças atualmente.
"A Estrela tem um grande patrimônio afetivo junto à população, por isso, resgatamos alguns de nossos maiores sucessos para comemorar. Eles foram ’repaginados’ ganhando atualidade. O Banco Imobiliário, por exemplo, ganhou máquina de cartão de crédito e o Pula Pirata ganhou realidade aumentada", exemplifica Fernandes.
Entre os mais de 220 lançamentos de 2012, também estão brinquedos inéditos. A principal aposta é a boneca Cupcake Surpresa. Já o primeiro brinquedo eletrônico brasileiro, o Genius, merecerá uma edição idêntica à original, inclusive a embalagem.
"O DNA de uma fábrica de brinquedos tem que ser a inovação. Estamos, por isso, sempre antenados aos novos hábitos e aos modismos da garotada. A Cupcake Surpresa aproveita a moda dos bolinhos entre as meninas. Já o Genius reforça o papel inovador e protagonista da Estrela. Apostamos na ideia de que pais e filhos vão brincar juntos, isso se os pais deixarem os filhos se aproximarem", brinca. E até a boneca mais importante da história da companhia se rendeu à modernidade. A Susy ganhou um guarda-roupas em realidade aumentada e a velha brincadeira de recortar moldes aderiu ao mundo virtual.
Até hoje já foram mais de 26 mil brinquedos diferentes e 1,3 bilhão de unidades. A produção é feita em três unidades fabris instaladas na cidade dem Três Pontas, no Sul de Minas; Itapira, em São Paulo; e Ribeirópolis, em Sergipe. A unidade mineira é responsável pela fabricação dos itens de decoração das bonecas, como olhos e cabelos. "A unidade de Três Pontas é responsável por um trabalho de base e muito delicado. Sem ela não é possível dar andamento à fabricação de brinquedos e aos nossos negócios", afirma.
A empresa está investindo este ano R$ 8 milhões no desenvolvimento de novos produtos. A divulgação ganhará atenção especial com promoções e aumento de 78% nas inserções publicitárias. Serão investidos R$ 15 milhões em marketing a serem distribuídos em anúncios para TV paga, TV aberta, mídia impressa e digital, material de PDV.
Terceira idade - E não são só as crianças que vão aproveitar as novidades. Em 2013 será lançada uma linha de brinquedos para adultos e terceira idade, que além da diversão, terá foco na saúde, com o estímulo de habilidades cognitivas.
-"O aumento da expectativa de vida fez com que surgisse uma parcela da população que deixa o mercado de trabalho e ganha tempo livre. Trabalhamos também com a ideia de que eles podem atuar como coadjuvantes para que os idosos se mantenham em atividade", afirma.
Concorrência com chineses é desafio
Formada com capital 100% nacional, "motivo de orgulho", nas palavras do diretor de marketing da Estrela, Aires Leal Fernandes, a empresa traça estratégias para enfrentar a concorrência dos produtos chineses. A aposta, mais uma vez, é em inovação. "Os chineses lotam o mercado de produtos sem diferencial. Investimos em uma produção que leva em conta os gostos e a realidade das crianças brasileiras. Além disso, qualidade e segurança fazem a diferença", avalia. No laboratório próprio da Estrela, reconhecido pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), são realizados mais de 90 tipos de testes.
Parte importante dessa estratégia, o setor de criação e modelagem é responsável pela criação de novos produtos. Hoje cerca de 35% dos brinquedos são licenciados. Do que chega ao mercado, 35% é feito com componentes importados e 35% totalmente produzidos no Brasil.
"Os licenciados são parte importante do negócio e nos permitem o uso de marcas importantes como Disney, Patati Patatá, Marvel e Carrossel. Entretanto, não queremos que esse índice seja ultrapassado. parte do nosso planejamento ter o controle sobre a criação. Só buscamos fora componentes que usam tecnologias ainda não dominadas no Brasil".
Além da equipe multidisciplinar de criação, que envolve designers, engenheiros, pedagogos, entre outros profissionais, a empresa participa de feiras internacionais, patrocina concursos de criação de brinquedos e promove grupos focais.
Mesmo envolvido nas comemorações das bodas de diamante da empresa, Fernandes não deixa de reclamar do altos impostos que, na sua avaliação, inviabilizam a chegada da Estrela a mercados internacionais.
"O custo de produção no Brasil é muito alto e é impossível concorrer com os chineses em outros mercados. Se o governo entendesse a função educativa do brinquedo e a sua importância na formação das crianças poderíamos expandir ainda mais os negócios. Temos, porém, um grande mercado no Brasil, que permitirá o nosso crescimento ainda por muito tempo, dentro das premissas de muito trabalho e inovação", completa.
Veículo: Diário do Comércio - MG