A gestora de fundos de private equity GP Investimentos fechou ontem a compra de 30% do grupo de varejo esportivo Centauro, com 232 lojas e líder no segmento na América Latina. O investimento no negócio é de R$ 450 milhões e a quase totalidade dos recursos irá para o caixa da companhia. Apenas uma pequena fatia, não revelada, irá para o bolso do fundador e controlador da Centauro, o empresário Sebastião Bomfim Filho.
Depois de anos seguidos de forte ritmo de expansão, o grupo havia acumulado um endividamento que não o colocava em risco, mas comprometia a continuidade do projeto de crescimento. Por conta disso, o empresário contratou a assessoria financeira do Rothschild neste ano para buscar uma solução. A abertura de capital foi descartada por causa do ambiente desfavorável do mercado de ações. Agora, com o aporte da GP, a companhia recupera a capacidade de investimento, segundo uma fonte a par do tema. Mais adiante, diz Bomfim, sua empresa deverá rumar para a bolsa. "Mas neste momento preferimos trazer os recursos para dar continuidade ao nosso trabalho", afirma ele, sem detalhar qual o plano de expansão.
Diversos fundos de private equity olharam a empresa além da GP, como KKR, Carlyle e Gávea.
Em realidade, a GP torna-se sócia do grupo SBF, mais conhecido pela marca Centauro. O grupo, com sede em Belo Horizonte e presença nacional, engloba cerca de 200 lojas Centauro, além de outras 32 das marcas ByTennis e Nike Store, uma empresa de transporte e logística e outra de engenharia, que se encarrega diretamente da construção das lojas do grupo.
"A gente constrói 25 a 30 mil m2 de área por ano, o que equivale a um shopping de pequeno a médio porte", diz Bomfim, sem esconder o orgulho, para justificar a verticalização do grupo.
A GP vinha flertando com o empresário há cerca de dois anos. "O varejo é a minha área preferida e poder investir na Centauro é um sonho", diz um entusiasmado Fersen Lambranho, sócio controlador da GP.
O grupo construído por Sebastião Bomfim conseguiu diferenciar-se no setor, dominado por lojas de menor porte, ao criar um modelo de grande magazine de esporte. Hoje, a Centauro está próxima do status de loja âncora para shoppings. E é aonde quer chegar.
"Com esse investimento, deixamos o balanço da companhia mais robusto e a intenção é aproveitar do aumento de renda da população para democratizar o esporte", diz Lambranho.
Os sócios recusam-se a dar números financeiros ou operacionais - "A empresa ainda não é aberta", diz Lambranho. Mas Bomfim dá uma pista de um caminho a ser trilhado: "Se você levar em conta que desde 2009 criamos uma operação de 'e-commerce' e que agora contamos com a 'expertise' de quem fundou o Submarino, pode ter uma pista do que vai acontecer."
Sem citar nomes, o empresário reconhece ter um concorrente forte nessa área - a Netshoes tem avançado fortemente -, mas defende que o modelo de negócios que faz sentido combina lojas físicas e vendas on-line.
Os recursos do investimento da GP sairão do seu fundo V. A operação selada ontem fortalece a tendência de aquisições lideradas por fundos de private equity.
Veículo: Valor Econômico