Preço em alta incentiva o plantio de trigo em Minas

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Os preços altos pagos pelo trigo e as incertezas quanto ao volume a ser produzido em termos mundiais deverão incentivar o aumento do plantio do cereal em Minas Gerais ao longo da próxima safra. Além disso, os projetos voltados para ampliar o acesso dos produtores à assistência técnica e a maior disponibilidade de crédito também contribuirão para o crescimento da cultura.

Segundo o coordenador do Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo (Comtrigo), da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Lindomar Antônio Lopes, as expectativas em relação a próxima safra mineira são positivas.

"A demanda pelo trigo continua aquecida e os preços lucrativos, estes fatores são essenciais para que o produtor seja estimulado a ampliar o cultivo do cereal. Com o início das ações para levar maior assistência técnica ao campo, previsto para iniciar em 2013, acreditamos que a produção estadual irá crescer significativamente", disse.

Devido ao clima do Estado, o trigo cultivado em Minas é colhido ao longo da entressafra, o que garante ao produtor um preço mais alto que os pagos pelo cereal ao longo da fase de colheita das demais regiões produtoras do país. Além disso, por ser praticamente todo irrigado, a produtividade e a qualidade são favorecidas, o que garante também maior lucro para os triticultores.

Outro ponto favorável para estimular o aumento da produção é o maior acesso ao crédito. De acordo com Lopes, apesar da maioria dos triticultores mineiros investirem recursos próprios no plantio da cultura, não dependendo de financiamento, é importante que as linhas específicas existam. Seria interessante para o Estado a ampliação do crédito ao longo da comercialização da safra.


Demanda - O mercado brasileiro é um grande demandador do trigo. Anualmente o país importa cerca de 50% do volume que consome, cerca de 12 milhões de toneladas, isto pela produção interna ser insuficiente para abastecer as indústrias. Diante a demanda maior que a oferta várias ações tem sido desenvolvidas para que o cultivo seja ampliado.

Para a próxima safra, o Banco do Brasil já disponibilizou uma linha de crédito voltada para as culturas de inverno. De acordo com os dados da instituição financeira a partir desta semana os interessados em investir na cultura terão recursos da ordem de R$ 500 milhões para custeio antecipado das lavouras de trigo para plantio em 2013.

A medida faz parte da estratégia de garantir aos produtores a possibilidade de obter melhores preços na aquisição dos insumos necessários para a formação das lavouras de inverno, especialmente de trigo, permitindo maior remuneração para a atividade. Além do cereal, a linha também é voltada para o sorgo.

As agências do BB já estão aptas a atender os produtores rurais e as cooperativas, de forma a assegurar a liberação dos recursos ao setor produtivo em tempo hábil. Estão disponíveis financiamentos com taxas controladas do crédito rural, de 5% ao ano para os produtores enquadrados no Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronanp) e de 5,5% ao ano para os demais produtores.

Atualmente a demanda pelo trigo nacional se mantém firme, segundo indica o levantamento feito pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). Mesmo diante de algumas oscilações devido à intensificação do ritmo de colheita da safra brasileira e argentina, as cotações permanecem em patamares elevados frente ao ano passado.

Além da demanda, preocupações quanto ao volume da safra nos principais países produtores também sustentam os valores. De modo geral, o foco das atenções são as incertezas quanto à produção em termos mundiais. Segundo dados do United States Department of Agriculture (Usda) o clima desfavorável ao desenvolvimento das lavouras de trigo em boa parte dos principais produtores deve reduzir a temporada mundial 2012/13 em 6,4%, totalizando 651,4 milhões de toneladas.

A safra 2011/12 do cereal já foi colhida em Minas Gerais. A todo foram geradas no Estado 120 mil toneladas de trigo, frente as 90 mil toneladas registradas na safra anterior, alta de 33,3%. A área de sequeiro, geralmente localizadas na região do Triângulo, Noroeste e Alto Paranaíba, este ano foi reduzida devido à competição com o feijão, que acumularam alta nos preços desde o início do ano.

Em compensação, no Sul de Minas as áreas de sequeiro dobraram. A região destinou ao cultivo do trigo em 2011 cerca de 6 mil hectares de trigo, e na safra atual expandiu para 12 mil hectares. A produção tem grande potencial nos municípios de Madre de Deus de Minas, Barbacena, Conselheiro Lafaiete, Três Corações e São João del-Rei.

Atualmente, a principal região produtora do Estado é o Alto Paranaíba, que responde por 57,2% da safra, seguida pelo Noroeste (18,93%) e Triângulo (9,7%). Outro potencial identificado no Estado é a possibilidade de plantar o trigo de sequeiro, na safrinha, e o irrigado ao longo da seca, o que garantiria a oferta do produto por pelo menos seis meses.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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