Calçadistas têm o desafio de exportar valor agregado

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Embarques do setor neste ano devem fechar em US$ 1 bilhão


Com capacidade ociosa de mais de 10%, o setor de calçados brasileiro vende em torno de 900 milhões de pares (de uma produção de 1 bilhão de itens) para os mercados interno e externo. Mesmo com um consumo nacional crescendo consistentemente ao longo dos últimos nove anos, a preocupação dos fabricantes se mantém na necessidade de retomada das exportações - cujo desempenho caiu de US$ 1,9 bilhão em 2007 para pouco mais de US$ 1 bilhão, estimado para o final de 2012.

“Temos que fazer um esforço para recuperar o espaço perdido”, frisa o presidente da Couromoda, Francisco Santos, que esteve ontem em Novo Hamburgo para divulgar a 40ª edição da feira internacional de calçados, artefatos de couro e acessórios de moda, a Couromoda 2013, que acontece em São Paulo. Fundador do evento, Santos acompanhou todas as fases do setor nas últimas quatro décadas. “Mesmo com os atuais problemas internacionais, a iniciativa é vencedora. Nossos fabricantes dominam o mercado nacional”, ressalta. Ele admite  problemas de importação na área de calçados esportivos - tomada pelos chineses - , mas aponta que os brasileiros superam os concorrentes na logística, fundamental na distribuição de produtos no mercado interno. 

Santos apresentou as estimativas da próxima edição da Couromoda, que ocorre entre os dias 14 e 17 de janeiro de 2013, por onde  devem circular 80 mil pessoas nos quatro dias do evento. A estimativa é de que neste período sejam injetados R$ 40 milhões na economia da capital paulista. Outros R$ 70 milhões são destinados à realização do empreendimento e com gastos dos expositores. Nesta edição, a feira irá apresentar aos lojistas as coleções para a temporada outono-inverno de 3 mil marcas de calçados e acessórios de 13 estados brasileiros. Estrategicamente armada para ocorrer três semanas após as grandes vendas de final de ano, a Couromoda serve de oportunidade para reposição de estoques do varejo, que vai ao evento comprar produtos para a nova estação.

De acordo com o gestor, os negócios fechados ou encaminhados na feira representam 35% dos contratos anuais da indústria de calçados no País. O evento registrou, novamente, 100% da comercialização dos espaços que somam 85 mil m2 do pavilhão do Anhembi, com a presença de 1.150 expositores, representando 90% da produção brasileira do setor. Destes, 40% são empresas com produção em território gaúcho (185 ao todo).

Muitos fabricantes que evadiram do Rio Grande do Sul e estão produzindo no Nordeste também estarão em São Paulo, lembrou Santos, que se diz preocupado com a migração das empresas gaúchas para outros estados. “Enquanto isso, vemos Minas Gerais, São Paulo e o Nordeste se esforçando em reter sua indústria”, observa o gestor. Ele admite que o mercado no Nordeste tem apresentado um bom desempenho, e que o potencial de consumo da região é tão atrativo que a Couromoda e a Francal (que também promove apenas uma feira por ano) se associaram para implementar a Feira Internacional de Calçados e Artefatos do Norte/Nordeste (Ficann), no Ceará. “Nosso foco é o consumidor. Aquele é o polo de compras que mais cresce no Brasil”, justifica. Atualmente, 43% da produção em pares de calçados é feita no Nordeste - a maioria formada por fabricantes que saíram de São Paulo e do Rio Grande do Sul.



Veículo: Jornal do Comércio - RS


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