O abastecimento gás natural começou a ser restabelecido ontem em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, cinco dias antes do previsto, pela Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG), que conseguiu adiantar as obras de recuperação do duto rompido do Gasbol. O fornecimento estava paralisado desde o dia 23 de novembro, quando deslizamentos de terra provocados pelas chuvas no Vale do Itajaí romperam o gasoduto Brasil-Bolívia em Gaspar (SC).
Em Santa Catarina, 121 empresas ficaram sem o insumo durante mais de duas semanas, totalizando prejuízo de R$ 7 milhões por dia. As indústrias cerâmicas, principais consumidoras do combustível, reduziram a produção a 10% no período e acumularam prejuízos de R$ 4 milhões por dia.
O presidente do Sindicato das Indústrias Cerâmicas de Criciúma e Região (Sindiceram), Otmar Müller, afirmou que a produção das cerâmicas deve ser normalizada em quatro dias, já que fornos foram desligados ou adaptados para o uso de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) e precisam de ajustes com a retomada do abastecimento do gás natural. Desde ontem, técnicos da Companhia de Gás de Santa Catarina (SC Gás) estão nas indústrias e nos postos de combustíveis acompanhando a reabertura das válvulas.
O presidente da SC Gás, Ivan Ranzolin, acredita que em até 24 horas todos os postos estarão recebendo gás normalmente. Segundo Ranzolin, durante uma semana a pressão do gás na rede deverá ficar 3% menor que o nor-mal. Com isso, o abastecimento dos carros poderá ser um pouco mais lento. A retomada da distribuição do gás natural provocou, ontem, filas em vários postos de combustíveis do Estado.
Santa Catarina recebe cerca de 1,7 milhão de metros cúbicos de gás por dia. Ranzolin projeta para até meados de 2010 a utilização de toda a cota disponível, de 2 milhões de metros cúbicos/dia. Para minimizar os impactos da interrupção de fornecimento junto às empresas, a SC Gás adiou por 50 dias a data de vencimento das faturas emitidas anteriormente ao acidente e durante a interrupção do suprimento do insumo. Cerca de 60 clientes foram beneficiados e as faturas postergadas somam R$ 23 milhões.
Durante a suspensão do fornecimento de gás, a Liquigás, distribuidora de GLP da Petrobras, ampliou em 67% o fornecimento para Santa Catarina e o Rio Grande do Sul. Abasteceu condomínios residenciais e grandes consumidores, como as empresas Cecrisa, Eliane e Randon, cujos equipamentos não puderam ser paralisados abruptamente. O volume de entregas diárias de GLP da empresa foi para 315 toneladas.
Para atender a demanda, a Liquigás montou uma arrojada operação logística. Para o armazenamento do GLP nos consumidores, colocou tanques e cilindros, além de carretas estacionárias nos clientes de grande porte, onde o consumo diário superou 25 toneladas. Mobilizou carretas para o estoque ou movimentação de produtos dos pólos de Canoas e Araucária até os clientes.
Veículo: Gazeta Mercantil