Para redes como Riachuelo, C&A e Marisa, coleções criadas por grandes nomes da moda geram visibilidade
Muito antes da sueca H&M ou da inglesa Topshop, a Riachuelo já pensava em parcerias com estilistas famosos. A primeira iniciativa foi na década de 1980. Na época, a varejista brasileira convidou o estilista e apresentador de TV, Ney Galvão, para assinar uma coleção. Depois disso, deixou a ideia de parcerias de lado para retomá-la somente em 2001. Desta vez, o convidado foi o estilista Fause Haten, que em um ano criou três coleções para a Riachuelo.
Mas a ideia só ganharia força e se espalharia pelas redes fast fashion em 2004 quando a H&Mcolocou em suas araras peças assinadas pelo alemão Karl Lagerfeld. A coleção acabou em poucos dias e foi um ponta-pé inicial para uma avalanche de parcerias no mundo inteiro. A Topshop é outra que fez deste tipo de estratégia uma rotina. A varejista inglesa tem em seu portfólio nomes internacionais como Louise Gray, Mary Kantratzou, JW Anderson e Maarten van der Horst. “Ter coleções assinadas por estilistas é um caminho sem volta. O consumidor está mais exigente. Ele quer um produto bem acabado e com moda”, diz a gerente de marketing da Riachuelo, Marcella Kanner.
Outro sucesso nas prateleiras da Riachuelo foi a parceria com Oskar Metsavaht, fundador da Osklen. Depois dele vieram nomes como Cris Barros, André Lima, Huis Clos, Juliana Jabour e Marta Medeiros. A atual aposta da varejista é com a grife Daslu, a qual rendeu 120 modelos diferentes, totalizando 400 mil peças. “No ano que vem vamos continuar. O ideal é que seja um grande nome por vez”, diz Marcella. A principal vantagem deste tipo de ação está em ter um nome forte por trás das roupas. Paralelamente, as redes seguem investindo em suas coleções próprias. Na Riachuelo o time de estilistas é formado por 60 profissionais.
A concorrente C&A também investe nas parcerias. De 2005, ano em que aderiu a estratégia, até agora já foram 19 coleções assinadas por estilistas como Reinaldo Lourenço, Isabela Capeto, Stella McCartney, além de grifes como Maria Filó e Raia de Goeye. Até a top model Gisele Bündchen já esteve entre os famosos que desenvolveram coleções especiais. Além de campanhas na mídia tradicional, a C&A também aposta na divulgação deste tipo de coleção em blogs especializados. Poderosas formadoras de opinião, as blogueiras contribuem para a divulgação dos produtos.
“As parcerias são positivas para as empresas envolvidas, pois geram maior visibvisibilidade no mercado, conquistando novos consumidores. Para as grifes, é ainda uma oportunidade de popularizar sua presença em diversas regiões do país”, informou a C&A. Segundo a empresa, em algumas unidades da rede é comum que algumas peças destas parcerias acabem logo nas primeiras horas de venda.
Primeiros passos
Em novembro deste ano, a Marisa fez sua primeira parceria do tipo. A escolhida foi a estilista Cynthia Hayashi, vencedora do programa de TV Projeto Fashion, da Band. De acordo com a empresa, as roupas foraminspiradas na cidade de Nova York (EUA).
No Brasil, o desenvolvimento de coleções em parceria ainda não é unanimidade entre as líderes do segmento. A Renner é uma das empresas que ainda não aderiu ao movimento.
Redes de lojas aguardam decisão sobre salvaguarda
O pedido de salvaguarda feito pela indústria têxtil em agosto deste ano junto ao governo federal está entre as principais procupações dos varejistas de moda. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) pede proteção contra a importação de 60 categorias de vestuário.
O varejo, que depende muito da importação de produtos, afirma que a solicitação não faz sentido e aguarda a análise do Departamento de Defesa Comercial (Decom) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio sobre o assunto. A salvaguarda serve para queum segmento da indústria possa pedir proteção contra a importação de determinados itens.
Segundo a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), os fabricantes não têm sido prejudicados com a importação de produtos feita pelas redes de lojas. Um estudo encomendado pela associação a Tendências Consultoria Integrada, mostra que a produção da indústria de confecções passou de US$ 37,6 milhões em 2007 para US$ 63,3 milhões em 2011.
Mais importados
De acordo com a Abvtex, a participação de importados nas vendas do varejo de vestuário prevista para este ano é de cerca de 12%. Para os lojistas este percentual ainda é baixo. Eles alegam que as importações não inibiram o crescimento produtivo das confecções. Segundo o levantamento da associação, entre os anos de 2007 e 2011, a produção de produtos das indústrias de confecção brasileiras cresceu 11%.
Veículo: Brasil Econômico