O volume do mercado de azeite deve crescer pelo menos 20% em 2012, dizem fabricantes e varejistas. Se concretizado, o crescimento será acima da média de 12% registrada pelo setor nos últimos seis anos. O crescimento vem sendo impulsionado pelo aumento do poder de compra do brasileiro, que busca produtos mais sofisticados para fazer as refeições no dia a dia.
O preço do produto no mercado externo caiu cerca de 3% em 2012, diz Nuno Miranda, gestor de mercado da Sovena para a América Latina. E o preço no mercado doméstico também caiu.
Dois fatores puxaram a queda. O real estava valorizado em relação ao dólar no início do ano, o que estimulou as importações. E a crise na Europa também contribuiu para esse cenário. Os países grandes produtores de azeite do sul da Europa - Portugal, Espanha, Itália e Grécia - estão em crise econômica e baixaram preços para desovar estoques.
A marca Andorinha, do grupo Sovena - segundo maior produtor de azeite português do mundo - projeta avanço de 20% em volume e 15% em faturamento, na comparação com 2011. Na concorrente Borges, o volume de vendas deve crescer 30%.
O avanço nas vendas se dá em todo o setor, e não apenas em marcas premium. Ainda com pouca participação, a marca Cristina, do grupo Crista, cresce entre as classes C e D, segundo a gerente comercial Cintia Guglielmi. No ano, o avanço foi de 20% em volume, puxado principalmente durante o segundo semestre.
"Conseguimos enxergar a penetração [do azeite] ao longo do tempo. [Ele] tem crescido em todas as classes [sociais]", diz Miranda, da Sovena.
A faixa de preço mais vendida no Walmart é em torno de R$ 11. A rede nota não apenas o maior interesse dos clientes, mas também o aumento da demanda por produtos mais sofisticados, de seleções especiais e reservas, diz Rodrigo Pothin, diretor comercial. E acrescenta que o brasileiro está migrando do azeite virgem para o extravirgem, segmento mais vendido no Walmart.
O azeite de oliva Cristina tem 6% do mercado e quer ganhar espaço na classe média nos próximos cinco anos. Em março, vai começar uma campanha de marketing "bastante agressiva", segundo a gerente comercial. "A Crista representa uma porcentagem pequena do mercado, já que comercializa o produto principalmente para as classes C e D", diz a executiva.
Outra mudança destacada por Miranda é que o brasileiro está abandonando o azeite em lata para comprar em vidro. Os consumidores estão optando por produtos com "sabor mais forte", disse ele.
Cerca de 99% do azeite consumido no Brasil é importado, principalmente de Portugal e da Espanha. A Crista importa da Argentina, terceiro maior marcado que exporta o produto para o Brasil.
Veículo: Valor Econômico