Mais serviços no varejo para fidelizar a clientela

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Prestação de serviços é o novo nicho explorado pelas redes varejistas. O objetivo é abocanhar uma fatia do mercado, que, mesmo passando por um período de crescimento, está cada vez mais competitivo, segundo estudos realizados pelo Programa de Administração de Varejo (Provar). Por isso, os principais players do setor investem em parcerias com bancos e seguradoras para fornecerem aos clientes, além dos produtos tradicionais, um leque de serviços como seguro, pacotes de viagem, garantias de crédito e sistemas de pontuação promocionais.

Exemplo significativo desta tendência que vem crescendo no setor é o Magazine Luiza, da empresária Luiza Helena Trajano, que entrou no mercado de seguro automotivo e já oferece ao consumidor muitos outros serviços financeiros. Para o consultor de varejo Nelson Barrizzelli, esta é uma estratégia para manter o consumidor o máximo dentro da loja e que já se consolidou no varejo internacional. "Na Inglaterra, varejistas dispõem deste tipo de segmento. Aqui no Brasil acontece o mesmo", diz Barrizzelli.


Redes entram no ramo de serviços para fidelizar clientes


Com o intuito de aproveitar a era das vacas gordas dos anos anteriores e ao mesmo tempo sustentar a classe C como público-alvo do setor, os grandes players do varejo promovem iniciativas de fidelização ao oferecer ao cliente, além dos produtos tradicionais de cada loja, serviços de seguro, pacotes de viagem, garantias de crédito, sistemas de pontuação promocionais etc.

Tudo isso porque o varejo deve fechar 2012 com crescimento de 7,5%, um pouco abaixo da taxa de 8% registrada no ano passado, e para 2013 o percentual ainda deve cair para 5% a 3%, segundo estimativas do presidente do Programa de Administração de Varejo (Provar), Claudio Felisoni.

"Esta é uma estratégia para escapar da maré vermelha e buscar o mar azul", afirmou Felisoni, referindo-se à teoria econômica dos oceanos: quando uma empresa se encontra em meio ao mar sangrento (vermelho) -em alusão ao mercado altamente competitivo-, ela procura navegar em águas tranquilas (azul), onde a concorrência seja bem menos acirrada.

De acordo com o vice-presidente do Provar, Eduardo Terra, a soma do faturamento dos cinco maiores players varejistas totalizam aproximadamente 10% da renda de todo o setor, o que evidencia, apesar da presença de grandes conglomerados - como os grupos Pão de Açúcar, Carrefour e Wall Mart -, uma briga constante entre as instituições para a demarcação de territórios dentro do mercado brasileiro.

Uma das estratégias do varejo para conquistar espaço e se apossar do concorrido público- -alvo - a classe C - é recorrer ao mercado de serviços financeiro, bancário e turístico.

O professor da Universidade de São Paulo e consultor de varejo Nelson Barrizzelli acredita que esta é uma tendência já consolidada no varejo internacional e não vê muitas diferenças entre o setor nacional e o estrangeiro. "É uma forma de você manter o cliente dentro da loja lhe oferecendo todo o tipo de serviços possíveis. Na Inglaterra e em outros lugares do mundo, os varejistas dispõem deste tipo de segmento. Aqui no Brasil acontece o mesmo", considerou.

Recentemente, a rede Magazine Luiza, em parceria com o BNP Paribas Cardif, seguradora francesa, ampliou o seu catálogo de serviços financeiros e ingressou na categoria de seguro automotivo. A empresa já oferecia aos seus clientes seguro prestamista, de garantias, de vida, hospitalar, residencial e odontológico.

A iniciativa da companhia toma como base o crescimento ascendente do mercado de seguros no Brasil. No primeiro trimestre de 2012, o setor avançou 18%, com movimentação de R$ 35 bilhões, segundo relatório divulgado pela consultoria Siscorp. Seguindo esta lógica, a estimativa é de um incremento acima de 15% para o ano todo, percentual maior do que o da perspectiva de evolução do Produto Interno Bruto (PIB) para 2012.

Vale salientar que o perfil do consumidor esperado para o setor não se concentra na classe mais endinheirada. "Esperamos atingir os jovens, 50% deles estão na faixa entre 18 e 30 anos, sendo que em sua maioria nunca tiveram um seguro automotivo antes, principalmente pelo alto custo dos produtos tradicionais", informou o diretor de comércio eletrônico (e-commerce) do Magazine Luiza, Décio Sonohara.

Já a Nova Pontocom, loja virtual do Grupo Pão de Açúcar (GPA), líder entre as varejistas, anunciou recentemente que vai vender pacotes de viagens aos internautas. A empresa mira um mercado que deve faturar R$ 20 bilhões em 2012, de acordo com consultorias.

A Via Varejo - que reúne as bandeiras Ponto Frio, Casas Bahia e Nova Pontocom - embolsou um lucro líquido de R$ 67,9 milhões no terceiro trimestre de 2012, segundo comunicado da empresa no mês passado.

Atuando numa área distinta da do varejo tradicional, a holandesa C&A Modas fornece ao cliente três tipos de cartão de crédito - o de bandeira própria, que é válido apenas em lojas da C&A, e os das bandeiras Visa e Mastercard, que podem ser utilizados em qualquer estabelecimento. A parceria para este tipo de serviço bancário foi feita com a Ibi Bradescard, cuja operação é feita pelo Banco Bradesco.

Para Felisoni, a grande jogada da entrada do varejo no mercado de seguros é o fato de os produtos convencionais terem o seu preço facilmente comparado pelo consumidor, enquanto o dos serviços exige uma pesquisa maior de mercado. "O fundamental é o preço. Se o cliente começa a comparar o preço, o mercado fica bastante competitivo. Se eu vender só produtos, então eu estou no mar sangrento. O lance é diversificar e apostar na pluralidade", reiterou. Do outro lado, as empresas de serviços também ganham com as parcerias com varejistas, já que se aproveitam da alta circulação de clientes nas lojas para lhes oferecerem seus produtos. "Você aproveita a relação que a loja tem com o consumidor para lhe empurrar serviços", disse ele.


Veículo: DCI


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