Vale do São Francisco busca aumento de produtividade

Leia em 3min

Aplicativos rastreiam produtos das fazendas até as gôndolas   


Responsável pela exportação de 99% da produção de uvas de mesa do país, o Vale do São Francisco apresenta condições climáticas diferentes de qualquer outra região produtora do mundo. É o único semiárido tropical do planeta que, graças às tecnologias de irrigação e controle da produção por meio da poda de descanso, permite colher até 2,5 safras por ano.

São 120 mil hectares de área irrigada e 360 mil que poderão ser irrigáveis, que reúnem cerca de 5 mil produtores de uva, manga, goiaba, melancia, melão, acerola, maracujá e tomate, a maioria de pequeno e médio portes, distribuídos por sete municípios, com maior concentração em Petrolina, Juazeiro, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista. Juntos, exportaram US$ 135,8 milhões no ano passado..

Se até os anos 90, a tecnologia permitiu a produção de frutas, principalmente de uva sem semente e manga sem fibras, hoje se usa aplicativos que trazem novas mudanças. Apesar da dificuldade no sinal para internet, - na maioria das áreas do sertão não pega nem celular -, as fazendas adotam tecnologias para ganhar produtividade, agilidade e competitividade no mercado externo. Criada em 2002, a Vitis Agrícola, de Petrolina (PE), é a primeira a adotar o aplicativo de rastreamento de frutas da produção até a gôndola ou no contêiner para exportação, criado pela Opara, start up pernambucana instalada no Porto Digital.

"A vantagem não está apenas na coleta dos dados como data de plantio, área de coleta, tipo de defensivo usado e de embalagem, mas na possibilidade de obter as informações on-line, com armazenamento em nuvem, de qualquer parte do mundo, ferramenta essencial para os importadores", diz Pablo Rolim Freire. Com uma produção de 2 mil toneladas por safra de uva fina de mesa, a fazenda exporta 80%, o equivalente a 6 milhões de caixas de 8,2 quilos para os EUA, Inglaterra e Europa Continental. Há dois anos, comercializa 20% da safra no mercado interno. Em 2012, deve faturar R$ 12 milhões, 30% mais do que em 2011.

Segundo Pedro Souza, sócio da Opara, o aplicativo funciona de maneira simples. Um código de barras identifica as informações do produto, como data de plantio, lote, data da colheita, quando foi embalado, o tipo de embalagem, quantas caixas, além das normas e documentos exigidos pelos órgãos públicos para exportação. A ideia é permitir que cada fruta possa ser localizada e rastreada desde o plantio até a compra. A plataforma não é exclusiva para a produção de uvas, mas para qualquer tipo de lavoura. No próprio Vale do São Francisco já foi adotada, em julho deste ano, pela Fazenda Fortaleza, produtora de manga que, até então controlava a entrada e saída das frutas dos "packing house" manualmente, em cartolinas.

Foi diante de realidades como a da Fazenda Fortaleza, que mantinha seus controles no papel, que a direção do Porto Digital decidiu aceitar na incubadora da casa, a Cais do Porto, apenas empresas dispostas a resolver os problemas dos arranjos produtivos locais de Pernambuco. Entre as start ups está a Freshbroker, responsável pela criação de uma plataforma virtual que conecta produtores, distribuidores, atacadistas, varejistas, importadores e exportadores de frutas e vegetais no mercados nacional e externo. "A comercialização de produtos perecíveis exige operação rápida e precisa que demanda troca de informações de mercado na velocidade em que são geradas. Fruta não é algo de muita técnica, vende-se no grito. Primeiro em leilões presenciais, depois via fax e telefone. Agora, será possível fazer isso on-line, via web", diz Eryvan Pires, sócio da start up ao lado de Sávio Lima, Eduardo Calado e Igor Ramos.




Veículo: Valor Econômico


Veja também

Brasil tem safra recorde de 50,8 mi sacas de café

A safra de café do Brasil 2012/13 foi estimada em um recorde de 50,8 milhões de sacas de 60 kg em relat&oa...

Veja mais
Varejo prevê começo da 'virada' das vendas do Natal

A "angústia" a qual se referiu ontem Enéas Pestana, presidente do Grupo Pão de Açúcar...

Veja mais
Marcas próprias movimentam R$ 2,8 bilhões

Considerados coadjuvantes nas prateleiras de grandes redes supermercadistas do Brasil -como o Grupo Pão de A&cced...

Veja mais
Vigor planeja fazer aquisições para entrar no Nordeste e no RS

A fabricante de lácteos Vigor planeja entrar nos mercados do Nordeste e do Rio Grande do Sul por meio de aquisi&c...

Veja mais
Com benefício, vendas podem crescer até 10% em 2013

Os fabricantes de fogões, geladeiras e lavadoras de roupa estavam sorridentes ontem no fim do dia, depois de ouvi...

Veja mais
Empresas se preparam para os pedidos de ceia de Natal

Neste período de festas de fim de ano muita gente se prepara para viajar e não quer se preocupar em prepar...

Veja mais
Santa Catarina estima perda de 30% da maçã

Associação dos Produtores de Maçã prevê queda de 30% da safra. A colheita da maç...

Veja mais
Mercado brasileiro de arroz continua em queda livre

Os preços do arroz continuam em queda no mercado gaúcho, conforme levantamentos do Cepea. Entre 11 e 18 de...

Veja mais
Vigor amplia distribuição e espera atingir receita de R$ 7 mi

A fabricante de alimentos Vigor focará sua expansão nos próximos quatro anos na ampliaç&atil...

Veja mais