Calçados buscam novos mercados

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Exportações da indústria recuam pelo segundo ano consecutivo, em razão de crise mundial e dificuldade de competitividade


Para poder competir no mercado internacional no último ano, o setor calçadista brasileiro teve de trabalhar com um preço médio 15,9% menor pago por par – o equivalente a uma queda de US$ 1,82. Com isso, mesmo com um volume de pares exportados quase estável, os calçadistas viram a arrecadação encolher.

O prejuízo não foi pior devido ao aumento do consumo de países como Peru, Angola e França. Em 2012, foi embarcado o equivalente a US$ 1,09 bilhão, ante US$ 1,29 bilhão de 2011 – redução de 15,7%. Este é o segundo ano seguido de baixa nas exportações. Nos últimos sete anos, os calçadistas comemoraram alta apenas em 2007, que mostrou crescimento tímido de 2,6%, e em 2010, que fechou com 9,3% de aumento.

O cenário desfavorável, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), é consequência da falta de competitividade do mercado nacional.

– É a realidade de todos os setores que têm um alto valor de mão de obra no processo de produção e trabalham com insumos nacionais – explica Heitor Klein, diretor executivo da entidade.

Klein explica que os calçadistas seguem esbarrando na alta carga tributária e nas relações trabalhistas, além de sofrer com a crise econômica mundial e com as duras medidas da Argentina, um problema pontual que deu muita dor de cabeça ao setor. Apenas o país vizinho comprou US$ 59,3 milhões a menos em calçados brasileiros no último ano, redução de 30,4% em relação a 2011.

A queda na receita não foi mais drástica graças a países como o Peru, que comprou US$ 8,9 milhões a mais em calçados nacionais em 2012, aumento de 41,7%. Segundo Klein, o crescimento econômico destacado do país na América Latina se transferiu para a maior capacidade de consumo da população.

Apesar da crise europeia, o produto nacional teve boa aceitação entre os franceses. O motivo, segundo a Abicalçados, foi o aumento na procura por sandálias femininas. Uma relação de intercâmbio comercial entre Brasil e Angola contribuiu para um aumento de 22,7% nas compras do país. Conforme Klein, há tratativas para que o Brasil crie laços similares com Cuba, criando nova alternativa para os calçadistas.

No entanto, o diretor não enxerga uma recuperação nas exportações do setor nos próximos seis meses. Quanto ao mercado interno, a Abicalçados afirma que os brasileiros consumiram cerca de 5% a mais de calçados, mesmo aumento da importação, não repercutindo positivamente nas indústrias.

Onde as encomendas aumentaram

Peru
Expansão econômica do país aumentou a compra de calçados brasileiros, principalmente modelos femininos. Foram US$ 30,6 milhões em 2012, alta de 41,7% sobre o ano anterior.

Angola
Intercâmbio comercial com o Brasil, que engloba o segmento calçadista, impulsionou o consumo. Os embarques somaram US$ 31,3 milhões no ano passado, aumento de 22,7% em relação a 2011.

França
Modelos femininos foram os calçados brasileiros mais procurados no país. Em 2012, as vendas para os franceses chegaram a US$ 75,4 milhões, avanço de 15,8% ante 2011.

Onde as encomendas encolheram

Itália
Saída de duas grandes marcas importadoras de calçados brasileiros do mercado fez compras italianas despencarem. Houve queda de 76,2% nos embarques em 2012, para US$ 16, 2 milhões, na comparação com o ano anterior.

Grã-Bretanha
Crise comercial foi responsável pela redução de mais da metade das compras de modelos nacionais. Os britânicos compraram, no ano passado, US$ 40,2 milhões, redução de 58,6% sobre o ano anterior.

Argentina
Medidas criadas pelo governo argentino dificultaram entrada de calçados brasileiros. No ano passado, as vendas para o país vizinho caíram para US$ 136 milhões, diminuição de 30,4% na comparação com 2011.



Veículo: Zero Hora - RS



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