Atenção ao comprar brinquedos

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À medida que o Natal se aproxima, os pais se desdobram para agradar aos filhos. Rodam os shoppings e entram em dezenas de lojas para escolher o presente perfeito. Há três anos, a pedagoga Alessandra Guerra, 32 anos, pensou ter encontrado o brinquedo dos sonhos para a filha, Ana Luíza, na época com 4 anos. Comprou uma bonequinha que vinha com várias peças de roupa e acessórios pequenos. Mas levou um baita susto. "Quando vi, ela já estava quase engasgando. Tinha colocado um pedaço da boneca na boca", conta.

 

Alessandra não observou, mas a boneca não tinha certificação do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro). Muitos pais se esquecem de conferir a embalagem do produto. A certificação é obrigatória para as mercadorias comercializadas no Brasil, sejam nacionais ou importadas, e é o instrumento que garante que o brinquedo não vai intoxicar, sufocar ou machucar a criança.

 

A ONG Criança Segura fez um estudo, baseado em dados do Ministério da Saúde de 2005, que mostra que 138.604 crianças de até 14 anos foram hospitalizadas e 5.808 morreram por causa de acidentes. Os dados só não detalham se todas as ocorrências têm relação com brinquedos. As peças pequenas são as grandes vilãs, principalmente para crianças de até 4 anos, que têm o hábito de levar objetos à boca. O estudo apontou que a sufocação é a terceira principal causa de mortes de crianças no Brasil. Só perde para acidentes de trânsito e afogamentos. Em 2005, 806 meninos e meninas morreram e 585 foram parar no hospital depois de se sufocarem.

 

Além disso, 5.299 foram hospitalizadas e 108 morreram porque se intoxicaram. "É preciso avaliar se a criança que vai receber o brinquedo saberá usá-lo. Às vezes, o pai superestima a habilidade da criança", afirma a coordenadora do Programa de Formação de Multiplicadores da ONG, Alessandra Françoia, alertando que os pais devem respeitar a indicação de faixa etária para a qual o produto é destinado.

 

Também é preciso ter cuidado com as embalagens e, sempre que possível, dar o brinquedo para a criança somente depois de montá-lo.

 

Observar se o brinquedo é aprovado pelo Inmetro também é fundamental. Para receber o selo de identificação, a mercadoria passa por seis testes. Primeiro, é jogada de uma altura um pouco superior a um metro correspondente à altura normal de uma criança de até 3 anos. Ao cair no chão, o produto pode se quebrar, mas não em partes pequenas que possam ser engolidas. O segundo ensaio é feito por uma máquina que simula a mordida de uma criança. Após o brinquedo ser mordido, não deve soltar peças pequenas que possam ser engolidas.

 

No terceiro teste, o brinquedo é tracionado e não pode soltar peças que formem pontas perigosas. "Em um carrinho, por exemplo, a roda não pode se soltar quando for puxada. Senão, fica um ferro à mostra que pode machucar a criança", explica o gerente da Divisão de Fiscalização e Verificação da Conformidade do Inmetro, Marcelo dos Santos Monteiro. O quarto ensaio é químico e avalia a presença de contaminantes na tinta da mercadoria. "É nesse que encontramos o maior número de problemas", ressalta Monteiro.

 

A inflamibilidade também é testada. O produto não pode pegar fogo rapidamente, quando a criança passa em frente ao fogão, por exemplo, e não pode propagar as chamas com facilidade. Esse teste serve, principalmente, para bichos de pelúcia. O último ensaio analisa o ruído do brinquedo, que não pode ultrapassar oito decibéis. "Às vezes, brinquedos como telefones celulares emitem até 110 decibéis, a altura do som de um jato supersônico", conta Monteiro.

 

Proteção. Se o brinquedo for aprovado em todos os testes, recebe o selo, que deve estar visível na embalagem. Caso seja reprovado, ele deve ser retirado das prateleiras e passar por um recall. A ONG Criança Segura também alerta que equipamentos de proteção, como o capacete, devem acompanhar presentes como bicicletas, patins e patinetes. Em 2005, 75.504 meninos e meninas foram hospitalizados e 310 morreram depois de caírem. Além disso, 147 ciclistas com menos de 14 anos morreram atropelados em todo o Brasil. "Não é preciso limitar a brincadeira, mas é preciso dar o mínimo de proteção. O capacete diminui em até 85% o risco de traumatismo craniano em casos de quedas", ressalta Alessandra Françoia, da ONG.

 

Riscos da falsificação. Fazer compras em comércios informais é um grande risco. O Inmetro recomenda que o consumidor procure lojas legalmente estabelecidas e sempre peça a nota fiscal. Na Feira dos Importados, por exemplo, há cerca de 2 mil bancas. Pelo menos 200 delas vendem brinquedos. Carrinhos, bonecas e aparelhos eletrônicos são os itens mais procurados na época de Natal. Na maioria dos boxes, as mercadorias têm o selo do Inmetro. Mas elas dividem as prateleiras com produtos importados ou falsificados sem certificação.

 

Memória

 

AGOSTO DE 2008.

A fabricante de brinquedos Mattel anunciou o recall de 41 mil unidades do conjunto Panelas e Potes, da linha Aprender e Brincar (Laugh & Learn), de sua marca Fisher-Price, vendidos entre outubro de 2007 e agosto de 2008 em todo o mundo. O conjunto é um brinquedo de empilhar e encaixar potes e panelas, com bloquinhos de formas e uma tampa. O produto, movido à pilha, emite sons e luzes e é voltado para crianças de seis a 36 meses. A empresa detectou que, em algumas unidades, a panela azul que integra o conjunto estava sem os parafusos que fixavam o fundo plástico transparente. Sem esses parafusos, o fundo poderia se soltar e liberar pequenas bolinhas que ofereceriam risco de asfixia.

 

MARÇO DE 2008.

A empresa Gulliver, importadora do Magtastik e do Magnetix Jr., divulgou que iria trocar 6.209 produtos suspeitos de colocarem em risco a segurança das crianças, caso peças e partes fossem engolidas ou aspiradas. Os produtos envolvidos no recall eram indicados para crianças acima de 3 anos. Desses, 285 foram vendidos no Distrito Federal.

 

NOVEMBRO DE 2007.

Após suspender a venda do Bindeez no Brasil, a importadora Long Jump fez a substituição dos brinquedos que já estavam nas mãos dos consumidores. O Bindeez, fabricado pela australiana Moose Enterprise, é composto de minúsculas bolinhas coloridas, que, coladas com água, formam desenhos. Em alguns produtos dos lotes comercializados nos EUA, Canadá e Austrália foi encontrada uma substância que, em caso de ingestão, liberava um composto químico semelhante ao GHB, droga conhecida como ecstasy líquido, usado no golpe Boa Noite Cinderela. Ao todo, 63.696 brinquedos alvos do recall foram vendidos no Brasil.

 

NOVEMBRO DE 2006/ 2007.

A maior fabricante de brinquedos no mundo, a Mattel, fez cinco recalls em um ano após identificar problemas em itens fabricados na China. Na lista estavam modelos populares, como as bonecas Barbie e Polly. Os itens possuíam ímãs que poderiam se descolar e ser ingeridos ou inalados pelas crianças. A companhia recebeu 170 queixas de descolamento dos ímãs e, em três casos, houve ingestão de mais de um ímã, que se atraíram mutuamente e ocasionaram lesões graves. Nenhum deles ocorreu no Brasil. Nos acessórios da linha Barbie a boneca não fazia parte o defeito estava no excesso de chumbo na tinta do brinquedo, que poderia causar intoxicação.

 


Veículo: Jornal do Commercio - RJ


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