Terminais mantêm investimentos

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Os principais terminais de contêineres do país deverão registrar quedas entre 7% e 12% na movimentação de cargas em 2009 na comparação com 2008. O fluxo de contêineres vai cair no Brasil no ano que vem como resultado de uma menor atividade econômica e da retração do comércio mundial. Mesmo em um cenário adverso, as empresas devem concluir os projetos de investimento em curso. Novas expansões dependerão da demanda futura do mercado. 

 

A Santos Brasil, principal terminal de contêineres do porto de Santos, irá concluir a expansão do cais em mais 220 metros de comprimento, projeto de cerca de R$ 250 milhões. A empresa já investiu R$ 180 milhões na obra e deve comprometer mais R$ 70 milhões em 2009, diz Richard Klien, vice-presidente do conselho de administração da companhia. Klien diz que em meio à crise o caminho é o do ajuste de custos. "A linha na empresa é a da responsabilidade." 

 

O Sepetiba Tecon, terminal de contêineres da CSN no porto de Itaguaí (RJ), mantém o projeto de investir R$ 120 milhões em um novo berço. "Estamos em negociações com empresas para realizar a obra", diz Davi Emery Cade, diretor-superintendente do Sepetiba Tecon. O projeto irá criar uma pequena capacidade adicional em contêiner e aumentará de 2 milhões para 6 milhões de toneladas anuais a capacidade de movimentar produtos siderúrgicos. 

 

Analistas de bancos de investimento consideram que 2009 será um ano mais desafiador para os terminais de contêineres do que foi 2008. Rodrigo Goes, do UBS Pactual, prevê declínio de cerca de 8% na movimentação de contêineres cheios no Brasil em 2009. Para a Merrill Lynch, o movimento de contêineres no Brasil deverá seguir a tendência de queda registrada nos grandes portos dos Estados Unidos. Na Ásia e na Europa, os volumes de cargas transportadas em contêineres também estão desacelerando, indica o banco. Transitam em contêineres pelo mundo cargas de alto valor agregado. 

 

No Brasil, neste ano, deverão ser movimentados 4,63 milhões de contêineres, com crescimento de 3,79% sobre 2007. O número é recorde. Executivos das principais empresas do setor concordam que hoje é muito difícil fazer previsões sobre os desdobramentos da crise. "Estamos em parada técnica ou vamos ficar em marcha lenta por mais tempo?" questiona Mauro Dias, presidente da Log-In. 

 

A empresa, uma das companhias brasileiras da área de logística com capital aberto em bolsa, prepara-se para enfrentar a crise com foco na redução de custos. "Em cenário de desaceleração temos condições de ganhar participação de mercado porque as empresas (clientes ou potenciais clientes) estarão buscando oportunidades de reduzir custos e a Log-In pode contribuir nesse processo oferecendo serviços ferroviários e de navegação", diz Dias. 

 

A avaliação considera uma possível queda de movimentação no terminal de contêineres da empresa, o Terminal de Vila Velha (TVV), no Espírito Santo. Dias disse que a Log-In tem programados investimentos de R$ 65 milhões para o TVV entre 2008 e 2010, o que irá duplicar a capacidade de movimentação nas instalações. Segundo Dias, o TVV movimentou, nos últimos 12 meses, cerca de 270 mil TEUs (contêiner equivalente a 20 pés). 

 

No terceiro trimestre de 2008, o TVV respondeu por 28% da receita de negócios da Log-In no período. A navegação teve participação de 53% na receita da empresa e os serviços ferroviários, de 17%. A analista Sara Delfim, da Merrill Lynch, reviu a projeção para o volume de contêineres movimentado pelo TVV em 2009. A estimativa inicial do banco era que o volume de contêineres do terminal caísse 5% em relação a 2008, queda que agora deve ser de 12%. 

 

A analista também fez novas estimativas para as outras duas empresas da área de logística com ações cotadas em bolsa, a Wilson, Sons e a Santos Brasil. A previsão inicial da Merrill Lynch era de que o volume de contêineres movimentado pela Santos Brasil ficasse estável em 2009 na comparação com 2008. A nova projeção, divulgada em relatório, prevê queda de 7%. No caso da Wilson, Sons a queda, inicialmente prevista em 5%, deve ficar em 12%, segundo o banco. 

 

Sara lembra no relatório que há pouco tempo a Wilson, Sons inaugurou um novo berço para atracação de navios no terminal da empresa em Rio Grande (RS), o qual deverá operar com alto grau de ociosidade. Antonio Bezerra, da Ativa Corretora, prevê que cairá a movimentação nos portos onde a Wilson, Sons tem cerca de 69% de suas receitas. 

 

Ele afirma em relatório que a empresa tem dinheiro em caixa para fazer frente aos investimentos sem precisar recorrer ao mercado a curto prazo. Mas prevê uma redução no programa de investimentos da empresa, o chamado Capex, de US$ 100 milhões para US$ 70 milhões em 2009. Procurada, a Wilson, Sons disse, por meio da assessoria, que a empresa "não mudou suas projeções e se mantém em linha com os investimentos previstos para 2009." 

 

Veículo: Valor Econômico


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