O comércio varejista aguardava para dezembro do ano passado o melhor Natal dos últimos tempos, com crescimento nas vendas entre 10% e 20%. O desempenho do setor não foi tão bom como o esperado, ficando na casa dos 10%, mas, ainda assim, foi positivo. Pesquisa de Opinião do Comércio Varejista de Belo Horizonte, realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio Minas) entre os dias 9 e 15 de janeiro, revelou que, em dezembro do ano passado, 50% dos lojistas apuraram vendas iguais às realizadas em dezembro de 2011. Para 33%, houve crescimento. E houve queda para 17%.
Segundo explicou o economista da Fecomércio Minas, Gabriel de Andrade Ivo, esse resultado demonstra que o consumidor está mais cauteloso e comedido. "O endividamento está muito alto e, por isso, muitos preferiram aproveitar o décimo terceiro para quitar seus débitos e, ainda assim, fazer alguma compra", avalia, lembrando que, até bem pouco tempo, o comportamento do consumidor era bem diferente. "Mesmo com dívidas, a prioridade era comprar", compara.
Um outro estudo realizado pela Fecomércio confirma a mudança de comportamento. Segundo Ivo, a pesquisa de endividamento revelou que em novembro do ano passado 71,5% dos consumidores tinham alguma dívida. Destes, 5,5% estavam com mais de 90 dias de atraso em alguma conta. Já em dezembro o índice de endividamento caiu para 64,8% e, destes, somente 4,9% estavam inadimplentes há mais de 90 dias.
Otimismo - A pesquisa de opinião do comércio varejista revelou ainda um otimismo inesperado. Nada menos que 13% dos entrevistados acreditam que em janeiro as vendas serão melhores que dezembro passado. Outros 48% apostam num resultado igual, enquanto 39% entendem que as vendas serão menores. Os mais otimistas pertencem aos setores de vestuário, ótica, calçados e artigos de viagem, produtos alimentícios, tecidos e artigos de cama, mesa e banho.
"Será bem difícil que janeiro tenha um resultado similar ao de dezembro", reconhece Ivo, atribuindo as boas expectativas dos lojistas ao "otimismo típico de início de ano" - inclusive porque janeiro costuma ser um dos piores meses para o comércio varejista. Por isso mesmo, 83% dos empresários pesquisados disseram que iam fazer liquidações e promoções, já no primeiro mês do ano.
Na avaliação de Ivo, a pesquisa reflete a confiança dos empresários no futuro comportamento das vendas e da demanda ao longo de 2013. Entre os motivos para o otimismo, destacam-se a redução da taxa de juros, crédito acessível, novos consumidores incorporados ao mercado, além de bons índices de emprego e aumento de renda.
Bons indicadores também quanto à saúde financeira do setor, que abriu o ano passado com dificuldade de gestão. Para 55% dos entrevistados, em dezembro já houve melhoras no fluxo de caixa em relação a novembro, enquanto 35% relataram uma situação igual. E apenas 9% indicaram piora.
Veículo: Diário do Comércio - MG