Setor de alimentos cresce menos

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A indústria de alimentos, que representa 9% do PIB nacional e em geral é a última a sentir os efeitos de uma crise, foi marcada pela desaceleração em 2012, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), informados com exclusividade ao Valor.

As vendas reais cresceram 4,96% em 2012. No ano anterior tiveram aumento de 5,90%, conforme antecipado pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor. A Abia usou como deflatores o índice Fipe/USP, para alimentos industrializados e semielaborados (70%), e IPCA/IBGE para alimentação fora do lar (30%).

O nível de emprego teve aumento de 3,6%. Em 2011, havia crescido 4,5%. Em 2012, foram criadas 59 mil vagas enquanto no ano anterior, 94 mil.

"A desaceleração é um sinal de alerta e pode ser interpretado como um problema do mercado interno ou um reflexo da crise internacional", diz o presidente da Abia, Edmundo Klotz. Em seu 13° mandato bianual, o executivo diz que o governo deveria deixar de lado medidas provisórias, como a desoneração da folha e a redução do imposto sobre produto industrializado (IPI), e investir em medidas perenes como a infraestrutura. "Nada do que foi feito até agora impacta positivamente a indústria", diz.

O investimento das empresas do setor caiu 29,3% no ano passado e é o menor desde 2006. Ele totalizou R$ 11,1 bilhões ante os R$ 15,7 bilhões de 2011. O percentual de investimento sobre o faturamento, cuja média foi de 5% no período, caiu em 2012 para 2,6%.

"Há um desconforto com o atual cenário econômico que faz com que os investimentos sejam postergados", diz Klotz.

Apesar do desempenho pouco importante de 2012, a associação estima que haverá crescimento do volume da produção entre 4,5% e 5% em 2013. As vendas reais podem crescer entre 5% e 6%. E as exportações poderão aumentar 5% podendo chegar a algo entre US$ 45 bilhões a US$ 48 bilhões.

A associação - que representa 70% da produção física nacional ou 300 empresas entre grandes e médias, de um universo de 36 mil - esperneia contra uma carga de impostos que chega a 35%. Em países desenvolvidos, a média fica em torno de 8%.

No ano, o faturamento nominal da indústria foi de R$ 426,7 bilhões, equivalente a um crescimento de 11,3% ante o ano anterior. Em 2011, o faturamento da indústria havia subido 15,9%.

O segmento de produtos desidratados e supergelados (ver tabela acima) foi o que apresentou a maior alta em 2012, com aumento de 22%, indicando uma mudança de hábitos de consumo imposta pela vida moderna. Óleos e gorduras também se destacam entre as maiores taxas de crescimento, com 16%. O único setor que apresentou queda de vendas, 1,3%, foi o do açúcar, devido ao aumento de estoques internacionais e queda nos preços após a entrada da Índia como fornecedora.

O desempenho no mercado externo apresentou queda. A exportação de alimentos processados (industrializados e semielaborados) caiu 3,3% - de US$ 44,8 bilhões em 2011 para US$ 43,4 bilhões no ano passado.

Já as importações tiveram uma alta de 2,3%, puxadas principalmente pelas compras de trigo, e totalizaram US$ 5,6 bilhões em 2012. Com isso, o saldo da balança comercial do setor caiu 3,8%, para R$ 37,8 bilhões.

"A redução nas exportações não é crítica, mas falta pensar estrategicamente o futuro ou queremos ser um exportador exclusivo de commodities?", diz Klotz.

Entre os desafios está o, antigo, de aumentar a participação dos produtos de alto valor agregado na pauta de exportações brasileiras. O país, quarto maior exportador mundial no agronegócio de alimentos em valor, e em sétima posição nas exportações de alimentos processados, segundo a Organização das Nações Unidas, é o 26° colocado em exportações de produtos industrializados, de alto valor.

Do total exportado pelo país no ano passado, 24% corresponderam a alimentos industrializados de alto valor agregado.



Veículo: Valor Econômico


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