Setor lácteo pede que mesmas regras sejam exigidas do Uruguai
A renovação do acordo que estabelece cotas de importação de leite em pó da Argentina para o mercado brasileiro foi bem-recebida por representantes do setor leiteiro gaúcho. Dirigentes vinculados à indústria e aos produtores consideraram positiva a manutenção das 3,6 mil toneladas mensais acordadas nesta semana e com validade até fevereiro de 2014.
O presidente da Fetag, Elton Weber, elogiou a renovação das cotas e disse que elas são úteis por fixar volumes de importação, permitindo melhores condições para que a cadeia possa se organizar. “O importante é que se cumpra o estabelecido e que não acabe entrando produto a mais do que o devido, através da conhecida triangulação, ou seja, o produto é de um país, mas entra como se fosse de outro”, diz Weber.
O coordenador das comissões de Leite e de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, lembra que a comercialização com o Mercosul é inevitável, mas que sempre deve ser mantido o equilíbrio entre os países envolvidos. “O volume estabelecido nos mantém na política da boa vizinhança e não compromete o mercado interno. Claro que o ideal seria que não houvesse importação, mas pelas nossas relações comerciais ela deve ocorrer”, ponderou.
Apesar da boa receptividade quanto à renovação das cotas, os dirigentes destacaram a importância de que também sejam estabelecidas cotas com o Uruguai, uma vez que a entrada de lácteos do país vizinho ocorre de forma descontrolada. “Os uruguaios não aceitam nem ao menos negociar. Não queremos ser protecionistas, mas já houve caso de o Uruguai vender volume superior a sua produção com preços muito mais baixos do que os praticados aqui”, disse o dirigente. Na opinião de Rodrigues, qualquer excedente prejudica, faz baixar os preços no mercado interno, gerando um processo de depreciação do produto brasileiro. “Ocorre que, frente a um cenário de preços baixos, corremos o risco de ter nossa qualidade questionada”, disse o dirigente da Farsul.
Sindilat aposta em redução das importações em 2013
A elevação dos custos de produção, alavancados pela valorização de grãos essenciais para a alimentação animal, como soja e milho, podem reduzir as vantagens competitivas dos produtos oriundos do Mercosul, fazendo reduzir as importações. Essa é a expectativa do secretário-executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado (Sindilat), Darlan Palharini.
“Tudo indica que os preços de lá podem subir, e as vantagens da importação sejam reduzidas”, avaliou. Para ele, além da inclusão do Uruguai na política de cotas, seria importante fazer com que o queijo que ingressa da Argentina também fosse controlado. Conforme dados do Sindilat, em 2011, foram importados 45,22 milhões de quilos de leite em pó da Argentina e 29,67 milhões de quilos de queijo. Do Uruguai, foram trazidos 35,98 milhões de quilos de leite em pó e 6,18 milhões de quilos do produto.
Veículo: Jornal do Comércio - RS