Congelamento de preços na Argentina é uma história que se repete

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Medida ‘é política que sempre fracassou’, defendeu o ministro da Fazenda de Buenos Aires, Néstor Grindetti

   
O controle de preços de produtos alimentícios na Argentina é uma prática que se repete, mas que nunca teve êxito Arquivo La Nación


O congelamento de preços na Argentina “é uma política que sempre fracassou”, defendeu nesta quarta-feira o ministro da Fazenda de Buenos Aires, Néstor Grindetti, segundo o jornal “La Nación”. Ele advertiu que o governo nacional, que obrigou comerciantes — por enquanto, cadeias de supermercados e de lojas de eletrodomésticos — a congelar o preço de seus produtos por 60 dias, deveria é “atacar a inflação, que é o verdadeiro problema do fundo”.

— É como uma pessoa com uma infecção grave e febre, que, em vez de tomar antibióticos, decide esfriar o termômetro.

O congelamento imposto pelo governo argentino não é algo novo na história do país, lembrou o “La Nación”. A experiência do país nos últimos 30 anos mostra que já diversas tentativas similares frear a inflação e a queda do poder de compra da população.

Entre fevereiro de 1967 e 1989, quando o ministério da Economia teve 24 diferentes representantes, em apenas 10% do tempo houve liberdade de preços no país. Mesmo assim, a inflação foi devastadora em todo o período e maior do que 10% na maior parte desse tempo.

Néstor Kirchner, em meados de 2005, também implementou controles. Mas o primeiro governo argentino a lançar mão da medida foi o de Juan Domingo Perón. Em acordo firmado entre governo, Central Geral dos Trabalhadores e a Confederação Geral Econômica (CGE) do país, negociou-se o congelamento por um prazo de dois anos, que só durou, no entanto, 10 meses.

Em março de 1976, poucos dias antes do golpe militar no país, o último ministro da Economia de Isabel Perón, Emilio Mondelli, anunciou estado de “emergência econômica” e decretou tetos de preço para artigos como pães, queijos, manteiga, leite e azeite, medida que durou até o início do governo militar.

O controle de preços voltou em 1982 com a justificativa de “resguardar o salário real”, ameaçado por uma “estrutura industrial monopolista”, argumentou o governo à época. A medida pôs sob o controle do governo produtos de 675 empresas.

Em 13 de dezembro de 1983, o recém-eleito Raúl Alfonsín e seu ministro da Economia, Bernardo Grinspun, anunciaram um novo sistema de regulação de preços, que estabeleceu margens máximas de aumento na comercialização dos alimentos.Esses aumentos deviam ser aprovados pela Secretaria de Comércio. A inflação chegou na ocasião “a magnitudes inéditas”, descreveu o autor argentino Cortés Conde.

— Em 1984, os preços haviam subido mais de 600% no ano — assinala.

Em fevereiro de 1985, com o anúncio do plano Austral, foram congelados os salários e os serviços públicos. Também foram publicadas listas com tetos para os produtos. Nove meses depois de lançado o plano, o governo decidiu abandonar o congelamento. Em julho de 1987, a inflação foi de 12%.

A hiperinflação no país começou em julho de 1989. No dia 8, Carlos Menem assumiu a presidência, e seu ministro Néstor Rapanelli anunciou no dia 17 que os preços praticados por 300 empresas seriam congelados por 90 dias. Foi publicada uma lista de preços máximos com 30 produtos. O controle foi liberado em 1991.



Veículo: O Globo - RJ


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