Importação de trigo é facilitada

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Minas deverá produzir cerca de 120 mil toneladas de trigo ao longo deste ano



A decisão do governo federal em suspender por quatro meses a cobrança de Imposto de Importação (II) de até 1 milhão de toneladas de trigo produzido em países fora do Mercosul não impactará na decisão dos produtores mineiros em investir na cultura ao longo da próxima safra. De acordo com os representantes do setor, a medida tem como objetivo garantir o abastecimento do mercado interno no período de entressafra da produção brasileira.

Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu reduzir temporariamente o Imposto de Importação do trigo em grão. A alíquota do produto foi alterada de 10% para 0%, no período de 1º de abril a 31 de julho deste ano, com cota de 1 milhão de toneladas.

O produto foi incluído na Lista de Exceção da Tarifa Externa Comum (Letec). A medida foi aprovada em função da quebra de safra na Argentina, principal fornecedor de trigo para o Brasil. O objetivo é garantir o abastecimento interno e evitar pressões inflacionárias.

Segundo o coordenador do Programa de Desenvolvimento da Competitividade da Cadeia Produtiva do Trigo (Comtrigo), da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Lindomar Antônio Lopes, mesmo com a isenção do imposto, a produção brasileira do cereal não deverá sofrer alterações negativas. Isso acontecerá pela produção local ser suficiente apenas para atender 50% da demanda por trigo, sendo o restante importado de outros países.

"A previsão é que a produção no Sul do país seja reduzida em cerca de 1 milhão de toneladas, dessa forma a dependência do Brasil pelo trigo importado que já era grande ficará ainda maior. Outro problema que incentivou a isenção do imposto é a queda da qualidade e da quantidade de trigo argentino, principal fornecedor do cereal", avalia.

Demanda - Para o presidente do Moinhos Vera Cruz, Jacques Berliner, a isenção do imposto do trigo não irá interferir nos rumos do mercado. Isso ocorrerá pelo fato de a demanda estar mais concentrada no Norte e Nordeste do país, locais mais afastados das áreas de produção do trigo e que deverão importar maior volume.

"O trigo argentino disponibilizado para as importações está com a qualidade e o volume inferiores ao necessário para abastecer os moinhos brasileiros. A medida deve abrir espaço para a produção dos Estados Unidos, que com o imposto teria um preço muito maior para entrar no mercado brasileiro. Como a demanda é grande, o volume de importação é limitado e a medida vale apenas até julho, período em que a produção brasileira ainda não está no pico de colheita, acredito que os preços pagos pelo grão continuarão valorizados, incentivando assim a produção", ressalta.

Para o coordenador do Comtrigo, a redução da oferta de trigo na Argentina e o receio de faltar produto no mercado brasileiro servem de alerta para o governo brasileiro. Isso pelo alto potencial que o país possui para produzir o cereal, porém não existe incentivo para ampliar o volume.

"O país precisa incentivar a produção de trigo, já que temos condições concretas de ampliar a área plantada e nos tornarmos autossuficientes. A região central do país, incluindo Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso tem condições de abrigar o grão tropical, que possui qualidade e produtividade superior à registrada no Sul do país", diz.

De acordo com a Seapa, Minas Gerais deverá produzir cerca de 120 mil toneladas de trigo ao longo deste ano. A safra mineira além de ter qualidade superior, apresenta produtividade de 4,5 a cinco toneladas por hectares, enquanto no Sul do país a média é de duas toneladas por hectare. Outra vantagem é que o trigo mineiro chega ao mercado cerca de 60 dias antes da produção do Sul do Brasil, garantindo ao produtor preços mais elevados.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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