Safra recorde gera preocupação com estrutura para transportar e armazenar produtos
Uma série de fatores contribuiu para o Brasil bater, novamente, recorde na produção e na produtividade de grãos estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O que, por um lado, é uma ótima notícia para o país, por outro deixou mais evidente algumas dificuldades para escoar e armazenar grãos.
“Falta de locais para armazenagem é (em certo aspecto) bom, porque é um indicador de que a produção está avançando. Até porque a produção cresce mais rápido do que armazenagem (para, a partir desse cenário, haver estímulos para novos investimentos)”, disse ontem o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, durante a divulgação do levantamento da safra de grãos 2012/2013, que deverá atingir o recorde de 185 milhões de toneladas.
Segundo o secretário, a safra recorde aconteceu devido a diversos motivos. Entre eles, ao fato de o setor estar mais organizado e de haver uma política agrícola mais definida. Contribuíram também o mercado internacional aquecido, o clima favorável, os investimentos em tecnologia e maquinários, solo e estruturas, além do crédito.
A safra de grãos deverá atingir a marca de 185 milhões de toneladas, novo recorde de produção no Brasil. Se confirmada a estimativa, a produção de grãos será 11,3% maior do que a registrada na safra anterior. “A produtividade também cresceu, e deverá ser a maior já registrada, com 3,5 toneladas por hectare”, informou o ministro, Mendes Ribeiro.
“Podemos, sim, chegar a uma produção de 200 milhões de toneladas na próxima safra”, disse em tom otimista o secretário Neri Geller. Coma tendência de novos recordes serem batidos, o governo federal pretende criar novas linhas de crédito para aumentar as condições de transporte e armazenamento da produção.
“Estão sendo definidos pontos estratégicos para fazermos novos armazéns públicos nos estados de Santa Catarina, Bahia e outros estados do Nordeste. Pretendemos incentivar a iniciativa privada com financiamentos e taxas de juros”, antecipou o secretário de Política Agrícola.
Ele explica que o Brasil tem enfrentado problemas na área de armazenagem em consequência da alta produtividade, que tem avançado fortemente, e lembra que isso envolve também problemas de logística, que é por onde os produtos são escoados. A soja e o milho tiveram problemas desse tipo nesta última safra. “Vamos participar de audiências com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para discutir a questão. Os dirigentes do banco manifestaram interesse em nos ajudar nesse ponto”, disse Geller.
Atualmente, os armazéns públicos estocam 2 milhões de toneladas de grãos. A maior fatia está nos armazéns privados, que estocam algo entre 5 e 7 milhões de toneladas, segundo Geller. A previsão é de que os recursos do BNDES não sejam limitados a equipamentos, mas também a obras civis da iniciativa privada. Uma das frentes que o governo pretende abrir à iniciativa privada é a concessão de rodovias por onde a produção é escoada.
Veículo: Brasil Econômico