Acordo para reduzir sódio em alimentos terá baixo impacto

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Pesquisa do Idec mostra que boa parte dos produtos já cumpria, em 2012, as metas a serem cobradas até 2015

Para indústria, reduções maiores no sódio dependem da tecnologia e do hábito do consumidor

Os acordos firmados entre governo e indústria para reduzir o sódio em alimentos prontos terão pouca eficácia, pois boa parte do mercado já cumpre, de partida, as metas propostas, afirma o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

Dos 27 salgadinhos de milho analisados em janeiro de 2012, 72,7% estavam dentro da meta prevista para 2014 e firmada no fim de 2011, indica o levantamento do Idec.

Também já estavam enquadrados 59% das 40 batatas fritas analisadas e 68% de 156 bolos e rocamboles.

O instituto analisou, em janeiro e setembro de 2012, 530 produtos das principais marcas do mercado que integram as últimas fases de acordo.

Desde abril de 2011, o Ministério da Saúde tem anunciado parcerias voluntárias com a indústria de alimentos para reduzir o sódio da dieta do brasileiro e, assim, o impacto de doenças como infarto e hipertensão.

Estima-se que, no Brasil, o consumo médio de sal seja de 12 g diárias. O recomendado pela Organização Mundial da Saúde é abaixo de 5 g.

"As metas são tímidas. Algumas metas para 2015 já estão sendo cumpridas porque a indústria já estava lidando com esse patamar. Se você quer ter uma política consistente, precisa trabalhar com níveis maiores de rigidez", afirma Silvia Vignola, consultora técnica do instituto.

Este último levantamento, obtido pela Folha, reforça a avaliação já feita pelo Idec, no início dos acordos, de que as metas eram pouco ambiciosas. E conta com o respaldo de médicos.

"É melhor do que não ter nada, mas há condições de avançarmos mais rapidamente. Se o governo dá remédio para tratar hipertensão, é incoerente não ter uma política mais agressiva de redução do sal", afirma Carlos Alberto Machado, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Mesmo alcançadas as metas, a quantidade de sódio usada para salgar e conservar alimentos ainda é alta, dizem Vignola e Machado.

Eles defendem um sistema de alerta nas embalagens, talvez por cores, para informar o consumidor.

OUTRO LADO

O Ministério da Saúde diz que, no primeiro momento, o que se busca é conseguir a adequação de 50% das marcas à meta, já que há muita disparidade no uso do sódio. A pasta lembra que, antes dos acordos, parte da indústria já vinha reduzindo o sal.

"As metas são factíveis, importantes para mudar o cenário a curto prazo", afirma Patrícia Jaime, coordenadora-geral de alimentos e nutrição do ministério.

Ela lembra que novas metas serão criadas, e que o processo vai se estender até 2020, quando todo o mercado deverá praticar os menores índices praticados hoje.

A Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação) diz que a redução é calculada com base no maior valor praticado para trazer todos os fabricantes a um padrão mínimo, que pode ser revisto no futuro.

Há limitações para reduções maiores, afirma Paulo Nicolelis, da Abia. "A primeira chama-se tecnologia ou investimento. A segunda é o hábito do consumidor. Chegamos onde os médicos gostariam? Acho que não, mas a ideia é chegar."


Veículo: Folha de S.Paulo


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