Japonesa mira nas divisões de linha branca e no mercado corporativo para se reerguer mundialmente
A Panasonic pode não estar passando por um bom momento no mundo, mas no Brasil a história é diferente. Após iniciar a produção local de refrigeradores em setembro do ano passado, em Extrema (MG), a companhia japonesa prepara o início da fabricação de lavadoras de roupa para o segundo semestre e foge do foco no cada vez mais competitivo mercado de TVs. Junto com Índia e China, o Brasil se tornou um mercado estratégico para a companhia, enquanto outras regiões sofrem os efeitos da crise e não conseguem fazer as vendas engrenarem.
O japonês Hirotaka Murakami, presidente da Panasonic no Brasil desde abril do ano passado, garante que, diante deste cenário, os cortes de custos mundiais não atingem o país. Recentemente a empresa anunciou globalmente que vai demitir mais de dez mil funcionários no ano fiscal que se encerra em março, com o objetivo de reduzir os gastos e aumentar a rentabilidade. Mas as dispensas passam longe do país. “O Brasil é exceção. Aqui, a produção local está crescendo”, diz o executivo, que prefere ainda não se arriscar no português.
Murakami é a peça mais importante de uma equipe de executivos composta apenas por japoneses (não há vice-presidentes brasileiros na companhia) responsável por fazer crescer o negócio no Brasil. A criação da fábrica em Extrema, com investimentos de R$ 200 milhões, é um exemplo emblemático dos esforços da equipe de Murakami para aumentar a representatividade do país nos resultados mundiais.
Nenhum outro país do continente americano possui produção local de linha branca, como acontece em Extrema, o que prova que o país está mesmo na mira da matriz. “O Brasil é hoje um dos motores de crescimento da Panasonic”, diz. Há 45 anos no país, além da fábrica de Minas Gerais a Panasonic mantém outras duas linhas de produção, uma em São José dos Campos (SP), onde fabrica baterias, e outra em Manaus (AM), na qual está concentrada a linha de eletrônicos.
Sustentabilidade
Agora, para impulsionar o crescimento e deixar para trás um ano de prejuízos, o foco da Panasonic está em produtos mais sustentáveis. O objetivo é, até 2018, quando a empresa completa 100 anos, conseguir ser reconhecida como a principal fabricante do mundo em termos de “inovação verde”, de acordo com Murakami.
Neste conceito entram aparelhos que gastam menos energia, como é o caso dos refrigeradores da linha Eco Idea, produzidos em Extrema. Além disso, a fábrica foi projetada para reciclar omaterial não utilizado, coletar a água da chuva para reúso e reduzir a emissão de gás carbônico, de olho nos consumidores mais atentos e preocupados com o meio ambientes.
Além do segmento de linha branca o mercado corporativo também é um foco para a Panasonic e outra alternativa ao competitivo mercado de TVs (veja matéria abaixo). A fabricante japonesa produz equipamentos como semicondutores, dispositivos de armazenamento e outros produtos voltados para empresas, segmento que tem se mostrado mais lucrativo que o negócio de televisores, de acordo com Murakami.
Veículo: Brasil Econômico