Embrapa pesquisa transgênicos desde 86

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Soja e feijão modificados por pesquisadores do Brasil aguarda aprovação para cultivo


O resultado de anos de trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) gerou duas plantas, uma de soja, em trabalho feito em parceria com a Basf e uma de feijão, ambas já aprovadas para comercialização pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNbio). Nenhuma, no entanto, entrou na fase de cultivo para os produtores brasileiros ou estrangeiros.

“Com relação à soja, ainda precisamos esperar a aprovação de países importadores da União europeia e asiáticos. No caso do feijão, que foi desenvolvido com resistência a um tipo de vírus, a expectativa é de que até o final do ano que vem as sementes estarão disponíveis para plantio”, afirma Aragão.

O pesquisador explica que cada planta de laboratório é chamada de “evento” e que, delas, saem os “eventos de elite”, caso da soja e do feijão aprovados no Brasil. Aragão diz que os únicos países com eventos elite para comercialização são o Brasil, Estados Unidos e Alemanha. Outros produtos transgênicos já produzidos no Brasil, caso da soja, não são resultado de pesquisas genuinamente nacionais, mas de adaptações de matrizes vindas dos Estados Unidos, como explicou Aragão.

Desde 1986 a Embrapa trabalha na pesquisa de transgênicos no Brasil. A primeira planta transgênica gerada pela empresa e também a primeira produzida na América Latina foi a de fumo, no mesmo ano.

Uma planta modelo, que comprovaria a capacidade da Embrapa para desenvolvimento de suas pesquisas. Hoje, são inúmeras as pesquisas em desenvolvimento nos centros da Embrapa, com destaque para a soja, milho, feijão, algodão, cana e o caupi (mais conhecido como feijão de corda, alimento bastante consumido na região Nordeste do país). O trabalho de pesquisa e desenvolvimento, que vai da geração de uma planta até sua autorização para comercialização leva, em média, uma década. Mas pode chegar a 20 anos. Nesse período, diz o pesquisador responsável pelo Laboratório de Transferência de Genes da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, Francisco Aragão, em geral são gastos de três a dez anos para avaliação de dados, leitura e aprovação de uma pesquisa.


“O processo de análise de segurança de uma pesquisa leva tempo. Temos exigências regulatórias em discussão desde os anos 90 e tudo continua praticamente igual hoje. É preciso uma acomodação das exigências com o conhecimento científico. O Brasil avançou muito em conhecimento. Mas a questão regulatória ainda é a mesma. Mas esse é um problema que acontece no mundo”, diz ele.O pesquisador cita o exemplo da União europeia, onde foram gastos quase 10 milhões de euros em segurança ambiental para alguns alimentos importantes para eles mas nada mudou no processo regulatório.

“O Brasil já teve alguns avanços mas ainda é preciso ir além Depois que uma planta é autorizada a ser produzida comercialmente, ainda é preciso registrar as variedades que os produtores vão cultivar. Isso leva de um a três anos. A pesquisa nesse tempo pode perder o valor e a praga ou vírus que se combateu com o resultado desse trabalho, pode até não existir mais”, diz.

Ainda segundo ele, a Embrapa tem hoje mais de dois mil pesquisadores com doutorado e o Brasil ocupa lugar de destaque no mercado mundial, no volume de profissionais capacitados. São mais de 30 centros de pesquisa que trabalham em conjunto com universidades e demais centros de outros países, além de empresas.

O orçamento total da Embrapa para pesquisas em geral é de R$ 2 bilhões (dados de 2012). Aragão diz que esse montante deverá se repetir esse ano. Mas que a fatia destinada à pesquisa com transgênicos é ainda pequena, sem revelar o valor exato destinado ao setor.

Ele destacou que a fase mais cara de todo o processo de pesquisa e desenvolvimento de transgênicos é a que se refere aos ensaios de biossegurança. No caso da pesquisa com o feijão, diz ele, os gastos nessa fase chegaram a R$ 3 milhões.


Dez transgênicos já presentes na mesa


Salmão geneticamente modificado é primeiro animal a ser liberado para o consumo

Em dezembro, a agência que zela pela segurança alimentar nos Estados Unidos, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou para consumo um salmão geneticamente modificado, segundo levantamento da BBC Brasil.O produto pode chegar às mesas em 2014 e será o primeiro animal geneticamente modificado (GM) consumido pelo homem. Veja os transgênicos disponíveis no mercado:

Milho
Dezoito variedades de milho transgênico são aprovadas para consumo no Brasil. Assim, a pipoca no cinema, a espiga e os flocos e do milho em lata são transgênicas.

Óleos de cozinha
Os óleos extraídos de soja, milho e algodão, chegam às prateleiras praticamente sem componentes transgênicos, eliminados no refino. Soja Óleo de soja é o principal subproduto do cultivo transgênico para o consumidor. Mas há o leite de soja, tofu, bebidas de frutas e soja e a pasta misso.

Mamão papaya
Nos Estados Unidos, 85% da papaya produzida no Havaí, vem de uma variedade geneticamente modifica para combater um vírus devastador para a planta.

Queijo
A quimosina, enzima importante na coagulação de lacticínios, era extraída do estômago de cabritos. Um similar produzido em laboratório desde anos 90 substitui o componente.

Pão, bolo e biscoito
Ingredientes como derivados de milho e soja transgênicos são usados na fabricação desses produtos.

Abobrinha
Seis variedades de abobrinha resistentes a três tipos de vírus são plantadas e comercializadas nos Estados Unidos e Canadá, mas não são vendidas no Brasil.

Arroz
Aqui, o cultivo comercial de variedades modificadas fica, por enquanto, na promessa. Vários tipos de arroz estão sendo testados no mundo, nada certo.

Feijão
A Embrapa conseguiu em 2011 a aprovação para o cultivo comercial de feijão resistente ao vírus do mosaico dourado.

Salmão
O produto aprovado pelo FDA é geneticamente modificado para crescer mais rápido e está sujeito a avaliações dos consumidores durante os próximos dias.

 
Veículo: Brasil Econômico


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