Após crescer 16,1% em 2012 e atingir o faturamento de R$ 25 bilhões, o setor de farmácias e drogarias tem provado seu potencial, em especial na abertura de lojas. No ano passado, só entre as grandes redes foram contabilizados 4.692 novos pontos de vendas, índice 8% maior em relação a 2011, e que pode crescer este ano. Quando se fala no setor como um todo, é esperado um incremento em linha com 2012, mas com viés de alta que pode chegar a 18%.
Outro fato a ser ressaltado é o de que o setor pode vir a sofrer uma onda de internacionalização nas operações, uma vez que a expectativa é a da chegada da bandeira norte-americana Walgreens ao mercado, por meio de aquisição. Justamente como fez a CVS Caremark, ao adquirir 80% da participação da Drogaria Onofre, neste ano. Mas isso não deve diminuir o potencial dos players genuinamente brasileiros, nem mesmo deve frustrar as perspectivas de crescimento das redes em atuação no País.
Um exemplo disso é a rede Pague Menos, do Ceará, que só no ano passado abriu 96 lojas e beira hoje 600 pontos de vendas. Ao DCI, o presidente da rede Deusmar Queirós disse que a perspectiva para 2013 é abrir mais 100 lojas. Até 2017, a meta é chegar ao patamar de 1.000 operações. "Nós optamos pelo crescimento orgânico. Não estamos preocupados em sermos o primeiro do mercado, e sim manter as nossas margens que estão positivas", disse.
O executivo referiu-se ao ranking da Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), entidade que reúne dados das 29 maiores empresas do varejo farmacêutico, divulgado ontem, que coloca sua bandeira em segundo lugar, perdendo para a Raia Drogasil - fusão entre as bandeiras Raia e Drogasil ocorrida em 2011, que hoje somam 828 lojas em operação. A rede lidera o mercado, devido ao seu faturamento de R$ 4,7 bilhões.
O crescimento orgânico foi citado também por Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma. "No ano passado o crescimento no número de lojas foi na ordem de 8,34%, impulsionado pelo crescimento orgânico das empresas que atuam no setor", comentou. Ainda segundo Barreto, não existe uma região com maior potencial, pois ainda há bastante espaço para o varejo farmacêutico no Brasil. "Regiões como o Sudeste e Sul são as mais organizadas, mas onde houver oportunidade haverá uma rede disposta a investir", explicou ele.
Para Deusmar Queirós, diferente de seus concorrentes, a Pague Menos tem em seu plano de expansão continuar sendo uma bandeira única. "Abriremos nossas lojas esse ano com foco no sudeste e centro-oeste, mas iremos manter nossa estrutura, sem precisar misturar operações".
Em 2011, a movimentação do mercado interno envolveu a Drogaria São Paulo, ao se fundir com a Pacheco, operação do Rio de Janeiro. Juntas, hoje elas somam 864 pontos de vendas regionalizados e divididos por bandeiras. Já para este ano, Barreto acredita que o setor passará por um momento de calmaria, mas a partir de 2014 pode ser que haja uma nova onda de fusões e aquisições. "Depois da estabilidade, os empresários começam a analisar novas possibilidades", aponta.
Para o presidente da rede Pague Menos Deusmar Queirós, muito mais que a internacionalização das redes, o mercado verá as grandes redes incorporando as pequenas, e tornando-se verdadeiros conglomerados. "Ao longo do tempo, as grandes redes de farmácias vão acabar por pegar a maior fatia do mercado. Hoje, a proporção é de 40% dominado por grandes redes, contra 10% das pequenas", explicou ele.
Questionado sobre a vinda da concorrência internacional, Queirós ressaltou que isso já é visto há muito tempo no País, com o Walmart atuando também nesse setor. "Tem mercado para todos. Hoje temos uma forte presença do Walmart, mas isso não impede, nem mesmo atrapalha o nosso crescimento", afirmou.
Quem também aproveita o bom desempenho do setor são as redes de pequeno porte, ainda sobreviventes em meio ao avanço das gigantes. Em nota, a Drogarias Ultrapopular, com apenas 3 lojas em operação, afirmou que pretende crescer em 150% o número de lojas.
Com atuação maior no interior de São Paulo, a Drogarias Campeã, rede de 52 lojas próprias no modelo de farmácia popular, projeta um 2013 robusto. Para isso, prevê este ano a abertura de outras 24 unidades - mais da metade no interior de São Paulo.
Conforme apontou o diretor comercial Giovani Bondança, da rede Campeã, a perspectiva é manter o foco no público da classe C, sendo que o interior chama atenção devido o aumento do poder aquisitivo.
"O ritmo de crescimento no interior está acelerado e vemos que o poder de consumo das famílias já ultrapassa o da capital. Estamos encontrando ótimas oportunidades de negócios, bons pontos comerciais e receptividade da população", finalizou.
Veículo: DCI