A desoneração dos impostos federais e a ampliação de 12 para 15 nos itens da cesta básica, com a inclusão de produtos de higiene, anunciada na sexta-feira (8) pela presidente Dilma Roussef, foi recebida com certa cautela pela população de Belém.
A medida tem o objetivo de conter os aumentos dos alimentos que tem puxado para cima a inflação, mas só deve começar a surtir efeito a partir do mês que vem, segundo análise do economista Roberto Sena, supervisor técnico do escritório local do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese-PA). “Para nós a redução dos impostos é uma coisa boa, mas temos que exigir que essa redução chegue ao consumidor final”, afirma Roberto Sena.
Ele diz que sem uma fiscalização rigorosa a medida pode não ter o resultado esperado e que é preciso o envolvimento também dos empresários não só do setor supermercadista, mas da indústria e demais setores.
Ele afirma ainda que outros fatores como a quebra de safra e aumento de combustíveis e os impostos estaduais também são importantes para haver ou não redução dos preços num estado que importa 70% dos produtos da cesta básica.
O Dieese vai acompanhar, já a partir desta semana, a variação dos preços dos produtos, incluindo os do papel higiênico, pasta de dente e sabonetes incluídos na cesta básica pelo governo.
O presidente da Associação dos Supermercados do Pará (Aspas), José Oliveira, acha que “vai ser muito bom para a população, mas vai depender do aumento do combustível e da energia que acaba sendo repassado para o preço dos produtos”. Ele destaca ainda que para a medida dar certo é preciso que sejam reduzidos também os impostos estaduais como o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
Oliveira afirma que alguns produtos da cesta básica como o arroz e o açúcar já estavam desonerados e aponta como fator positivo a queda do preço da energia em 20% no ano passado. “Essa medida da presidente foi muito importante eu acredito que o preço deve cair”.
DÚVIDAS
Os consumidores não estão tão animados. A professora aposentada, Celeste Modesto, 60, diz que “é difícil acreditar, mas espero, tenho fé de que seja possível”. Segundo ela, “os salários aumentam e os empresários tiram dos preços dos produtos para pagar. No final das contas quem paga o pato é o consumidor”.
O serigrafista Tiago Fabiano Matos Nunes, 26, afirma que acredita na queda dos preços, “mas se fizer diferença vai ser de centavos e não vai fazer muita diferença porque diminui de um lado e aumenta do outro”.
Já a professora Ana Salim,51, bota fé na medida do governo. “Acho isso maravilhoso, tomara que dê certo porque esses produtos da cesta básica são os que mais pesam na hora das compras. Acredito muito nesse benefício”.
Veículo: Diário do Pará