Com mais espaço no mercado de trabalho e renda, mulheres ganham destaque e neste ano vão desembolsar R$ 1,1 trilhão no varejo.
Elas são donas de casa, cuidam dos filhos, trabalham, escolhem os itens que farão parte da cesta de produtos consumidos pela família e ainda dão a palavra final na hora de comprar um carro. Esse é o perfil da nova mulher brasileira, que desde a década de 1990 conquista um papel de destaque na sociedade e na economia, fruto do crescimento da renda, do investimento em educação e do aquecimento do mercado de trabalho. Com essa pujança, em 2013, o público feminino incrementará o consumo com R$ 1,1 trilhão, enquanto em 2003 o valor era de apenas R$ 602 bilhões. Uma elevação de 83%.
Com todas essas transformações, atividades que eram de exclusividade dos homens passaram a ser compartilhadas pelo casal. A pesquisa “Tempo de mulher”, do instituto Data Popular, apontou que 86% das esposas decidem as compras feitas no supermercado, 79% escolhem o destino de férias das famílias, 58% definem o modelo e a marca do carro e 53% estabelecem que computador será comprado para a casa. Na avaliação do presidente do Data Popular, Renato Meireles, o público feminino é protagonista do novo Brasil que consome mais a cada ano. “As mulheres são a bola da vez”, afirmou.
Conforme Lúcia Garcia, coordenadora nacional da Pesquisa Nacional de Emprego e Desemprego (PED), do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), do Ministério do Trabalho e Emprego, a situação do público feminino no Brasil, principalmente no ambiente metropolitano, mudou drasticamente desde a década de 1990. Ela explicou que, nos últimos 20 anos, o crescimento da renda, o aquecimento do mercado de trabalho e os investimentos em educação das mulheres estão em ascendência. “Hoje, somos metade da força de trabalho urbana do país”, destacou.
Apesar das melhorias, a pesquisadora ressaltou que as mulheres têm salários menores que os dos homens e ainda são uma exceção em postos de chefia em empresas e governos. Mas uma pesquisa do Sebrae mostra que elas já são 49,6% dos empreendedores individuais do país. E empreender foi a salvação da mineira Maria José de Lima Freitas, a Mazé, de Carmópolis de Minas, Sul do estado. Desempregada, depois de demitida de uma agência bancária, onde trabalhava como faxineira, Mazé decidiu utilizar as técnicas aprendidas com a mãe para produzir doces caseiros. Hoje é dona de uma empresa que emprega 20 pessoas e produz, em média, 10 toneladas de doces pré-fabricados por mês.
Mais espaços
E elas conquistam cada vez mais espaços antes reservados aos homens. Pela primeira vez, uma mulher assume a chefia de pilotos da Unidade de Operações de Helicópteros da Líder Táxi Aéreo. Patrícia Kawasaki foi promovida no fim de 2012 e isso implica, segundo ela, não somente estar à frente do treinamento de pilotos, como garantir toda a segurança das operações: “É sem dúvida um trabalho repleto de desafios, mas que traz satisfação pessoal, já que a empresa me proporcionou a oportunidade de construir carreira na aviação. Hoje tenho carteira de comando em quatro modelos de helicópteros”.
Esmênia da Consolação de Souza Resende trabalha há um ano e meio como operadora da Ferrous, na mina Viga, em Congonhas (MG). Ela acredita que, mesmo a mineração sendo uma atividade com maior presença masculina, o preconceito contra as mulheres é coisa do passado. “Quando eu comecei a trabalhar como motorista em Viga, percebi que algumas pessoas estranhavam a situação, mas hoje é bem diferente. Todos me respeitam muito.”
Empreendedoras
A participação das mulheres no empreendedorismo no Brasil saltou de 42% do total em 2002 para 49,6% no ano passado. Em números, dos 27 milhões de empreendedores no país, 13 milhões eram mulheres. Em Minas Gerais, de acordo com pesquisa do Sebrae Minas, 33% das micro e pequenas empresas são comandadas por elas. Segundo a pesquisa, em Minas é maior o número de mulheres (36%) que tem ensino superior completo ou pós-graduação do que de homens (31%). Em relação à faixa etária, mais da metade (52%) delas tem entre 31 e 50 anos. As empresas comandadas por mulheres têm em média cinco funcionários, enquanto no caso dos homens a média é de sete empregados. Dos estabelecimentos administrados por elas, 44% faturam entre R$ 60 mil e R$ 180 mil.
Veículo: Estado de Minas