A receita combinada da Vigor Alimentos e da mineira Itambé S.A alcançará R$ 4 bilhões, disse ontem o diretor presidente da Vigor, Gilberto Xandó. Em fevereiro passado, o laticínio controlado pela J&F (holding que controla também a JBS), adquiriu 50% do capital da Itambé por R$ 410 milhões.
A operação, que ainda tem de ser aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), permitirá à Vigor avançar em mercados como Minas Gerais, Rio de Janeiro e Nordeste, onde a Itambé tem forte atuação, segundo Xandó. "Vigor e Itambé são empresas complementares", afirmou durante teleconferência para apresentação de resultados da companhia.
Para financiar a compra da participação na Itambé, a Vigor vai utilizar linhas de crédito disponíveis em bancos brasileiros e não vai recorrer a empréstimos do BNDES, segundo o diretor financeiro da companhia, Maurício Hasson.
Além da estratégia de se tornar uma empresa nacional, - processo que pode ser acelerado após a operação com a Itambé -, a Vigor reforçou o foco em produtos de maior valor agregado. Isso favoreceu alguns indicadores financeiros da companhia no ano passado. A receita líquida em 2012 foi de R$ 1,330 bilhão, 8,2% mais do que em 2011. A Vigor também conseguiu reverter o prejuízo de 2011 e lucrou R$ 30,6 milhões ano passado.
Xandó destacou ainda o crescimento no lucro bruto e na margem bruta da companhia em 2012. O primeiro indicador atingiu R$ 394,6 milhões no ano, alta de 26,5%, e a margem bruta foi de 29,7%, 4,3 pontos percentuais acima da registrada em 2011.
De fato, aumentou a participação dos itens de maior valor na receita da Vigor no ano passado. As vendas da categoria lácteos (iogurte, leite fermentado, requeijão e queijos) subiram 12,4% no ano, para R$ 749,4 milhões. Isso significa uma fatia de 56% da receita líquida. Em 2011, a parcela era de 54%.
Já as vendas de leite longa vida, um produto considerado commodity, somaram R$ 98,6 milhões no ano passado, 23,6% abaixo de 2011. Como resultado, a fatia do produto na receita líquida foi de 7% contra 10% em 2011.
Segundo o diretor financeiro Maurício Hasson, esse percentual é considerado adequado pela empresa. Xandó acrescentou que com a aquisição de participação na Itambé a fatia do leite longa vida na receita combinada das duas deve ser de 10%.
Apesar de ter conseguido reverter o prejuízo no ano, o resultado líquido da Vigor no quarto trimestre de 2012 foi 60% menor que o de igual período de 2011. A empresa lucrou R$ 6,6 milhões. Segundo Hasson, o resultado se deve ao "Ebitda que não veio a contento". Nesse caso, o resultado foi de R$ 14,8 milhões, 20% abaixo do quarto trimestre de 2011. Xandó afirmou que investimentos em marketing para lançamentos de produtos e a criação de novas áreas na empresa geraram custos maiores, com impacto no resultado.
Ele disse também que a margem Ebitda da Vigor ainda "está longe do objetivo". Mas avaliou que os investimentos e mudanças implementadas no último ano permitirão à empresa obter margens melhores já em 2013. No quarto trimestre de 2012, a margem Ebtida da Vigor foi de 4,2%, 1,6 ponto percentual abaixo de igual período de 2011. No ano, foi de 5,1%, 1,5 ponto percentual acima de 2011.
Veículo: Valor Econômico