Indústria de massas prevê alta nas vendas e investe

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Para as fabricantes de massas alimentícias, a crise internacional não foi o principal problema do ano. A disparada no preço do trigo no final de 2007 e início de 2008 dificultou o desempenho das empresas, que foram obrigadas a repassar custos durante o primeiro semestre de 2008. Diante desse cenário, enquanto o volume de massas vendido cresceu 5% no ano, para 1,333 milhão de toneladas, o faturamento do setor saltou 8%, para R$ 4,85 bilhões. Para o próximo ano, a expectativa é mais conservadora. Segundo Cláudio Zanão, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Massas Alimentícias (Abima), o setor deve acompanhar o crescimento do PIB. A estimativa da associação é de alta de cerca de 3%. Confirmadas as previsões, o faturamento deve alcançar R$ 4,99 bilhões em 2009.

 

"Tivemos um primeiro semestre difícil, mas conseguimos nos recuperar no segundo semestre", disse Claudio Zanão. Segundo ele, as vendas de macarrão - produto de baixo valor e que faz parte da cesta básica do brasileiro -, não foram afetadas pela crise internacional. "Produtos de consumo normalmente demoram mais para sentir a verdadeira crise", disse.

 

Nas empresas, a alta dos preços praticados ao longo do ano também impactou nos resultados. Na M. Dias Branco - a maior fabricante do Brasil com 19,3% do mercado de acordo com dados de setembro e outubro da ACNielsen -, o faturamento com vendas de massas totalizou R$ 472,2 milhões de janeiro a setembro, alta de 37,8% em relação a igual período de 2007. No entanto, em volume, a alta foi de 17,7%, para 169 mil toneladas.

 

"Se compararmos os nove primeiros meses de 2008 e 2007, identificamos um crescimento no preço médio das massas da ordem de 16,7%", informou Geraldo Luciano Mattos Jr., vice-presidente de investimentos e controladoria da M.Dias. Segundo o executivo, a empresa acredita que o segmento de massas continuará crescendo no próximo ano e tem programado investimentos para a área.

 

"A crise realmente é global e já é consenso que teremos uma desaceleração do crescimento do País no próximo ano. No entanto, o setor de alimentos se configura como um segmento de natureza defensiva e deve vir a sofrer menor impacto, pelo fato de trabalhar, em geral, com produtos de primeira necessidade e baixo ticket médio", explicou Mattos Jr.. A M. Dias tem capacidade de produção de 30 mil toneladas de massa por mês.

 

No grupo Selmi - terceiro maior fabricante do País com as marcas Renata e Galo e participação de 10,1%, segundo dados da Nielsen -o crescimento em faturamento ficou em 15%, enquanto a produção ficou estável. "Foi um ano um pouco mais restrito, mais difícil, mas agora já está voltando ao normal", disse Ricardo Selmi, presidente do grupo. Segundo ele, para 2009, a previsão é de estabilidade de preços e alta de 12% em receita e volume. A empresa tem capacidade instalada para produzir 13 mil toneladas de massa por mês, acabou de investir R$ 10 milhões em um novo centro de distribuição, com capacidade para 6 mil paletes e entrará no mercado de biscoitos.

 

Na Vilma Alimentos, de Minas Gerais, a alta no faturamento será de 15%, para R$ 415 milhões, enquanto a produção crescerá 5%, para 66 mil toneladas anuais. "2008 vai ficar marcado como o ano da alta do trigo", disse Cesar Tavares, vice-presidente da empresa. Segundo ele, a crise internacional afetou os consumidores, mas não impactou nas vendas. E 2009 será ano de mais crescimento, acredita Tavares. "Nós não acreditamos que tenha motivos para crescermos menos de 10%", disse o executivo, que espera alta de até 19% no próximo ano.

 

Diante de um cenário de otimismo, a Vilma prepara investimentos importantes para 2009. Segundo Tavares, no próximo ano deve começar a funcionar a primeira máquina de macarrão instantâneo da empresa. Em 2007, a Vilma entrou nesse mercado, que representa 10% das vendas, com produção terceirizada. Agora, a partir de 2009, a empresa assumirá toda a produção. A nova máquina terá capacidade para mil toneladas por mês.

 

Além disso, a empresa vai ampliar a produção de massas especiais em 500 toneladas; planeja colocar em funcionamento uma máquina nova de cortes curtos em agosto de 2009, com capacidade para 2 mil toneladas/mês; e investirá em outra máquina, para cortes longos, prevista para entrar em funcionamento em 2010, com capacidade de produção de 3 mil toneladas por mês. Com os investimentos, a capacidade de produção da empresa alcançará 12 mil toneladas mês.

 

Trigo

 

As boas perspectivas para o ano que vem são baseadas na safra de trigo nesse final de ano. Segundo Zanão, da Abima, três quartos da safra mundial de trigo são colhidos durante os últimos meses do ano. "As safras nacional e mundial de trigo estão ótimas", disse o presidente da associação, que acredita ser possível manter os preços durante o primeiro semestre de 2009. Mattos Jr., da M. Dias, disse que a última atualização do relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), anunciada em no dia 11, prevê para a safra 2008/2009 um crescimento de 12% na produção de trigo (684 milhões de toneladas) e 6% no consumo (656 milhões de toneladas), o que deve elevar os estoques globais para 147 milhões de toneladas, 23,5% superior ao período anterior.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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