Aberta a temporada de caça para aquisições de empresas do varejo

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Está aberta a temporada de caça às empresas do setor varejista. Ao menos, para fundos de investimento como o private equity norte-americano Advent International, que está aproveitando a crise para dar continuidade ao plano de aumentar sua carteira com varejistas brasileiras. Após adquirir participações em empresas como Viena, Frango Assado, Grupo RA e Quero-Quero, o fundo vem negociando a participação de diversas empresas.

 

Todos os envolvidos negam, mas com algumas candidatas, como a rede de móveis Marabraz, o namoro é antigo. "O Advent já tenta há uns dois anos adquirir esta empresa", conta um executivo do setor. E, à primeira vista, com uma proposta apetitosa para os acionistas: o pagamento de R$ 1,6 bilhão pelo valor de mercado (incluindo patrimônio) da varejista, mais R$ 360 milhões relativos aos recebíveis da companhia e ainda mais cerca de R$ 200 milhões para os acionistas. Num total de quase R$ 2,2 bilhões na oferta "non-biding" - processo inicial de negociação, em que a interessada faz uma proposta baseada apenas no que considera ser o valor da empresa. "Nesta fase, ainda estamos distante da conclusão", diz um consultor do setor de varejo, ressaltando que a finalização do negócio pode levar de três a seis meses.

 

Paralelamente, a empresa estaria negociando a compra da Camisaria Colombo, negócio que já ultrapassa a fase do namoro. "Nos último 45 dias, o fundo visitou as fábricas da empresa, mas o valor ainda não foi fechado", conta um executivo do setor. As dúvidas ainda são muitas: o fundo e os acionistas divergem sobre o destino dos ativos, bem como, sobre a real viabilidade de uma confecção de ternos no Brasil. "O fundo acredita que uma importação da China pode ser mais eficiente", diz um executivo.

 

Outros consultores ouvidos ontem pela Gazeta Mercantil, garantem que o fundo de investimento americano também analisa propostas no Rio Grande do Sul. A lista inclui a rede Colombo, com sede na cidade de Farroupilha, uma das cinco maiores do País na comercialização de móveis e eletroeletrônicos. E também a rede Tumelero, de Porto Alegre, focada na venda de materiais de construção.

 

A voracidade do fundo é reflexo do momento de crise. "Não há a menor dúvida de que o varejo passará por enorme transformação, não agora, mas mais para o final do primeiro semestre", conta um especialista apontando um motivo: os preços de ativos tendem a cair. "O raciocínio é bem simples: o varejo brasileiro terá uma fase difícil no começo de 2009, e muitas redes não terão mais os bancos como apoio", diz a fonte.

 

"O resultado disso poderá ser o aumento da oferta de nomes conhecidos no mercado e, conseqüentemente, a revisão para baixo dos valores postos na mesa. Isso é inevitável se não mudar nada na nossa economia", ressalva o consultor, lembrando que para aquele varejo brasileiro tradicional, baseado na cultura familiar, mas cujos líderes envelheceram e não profissionalizaram a gestão do negócio, o caminho é a passagem para frente.A venda de participação é considerada uma boa solução para redes como a Colombo, que não tem sucessor. Nesta semana, Olivar Berlaver, genro de Adelino Raymundo Colombo, deixou o comando da empresa. O motivo teria sido briga familiar. "Se o Advent conseguir alguma coisa, será uma grande surpresa", afirma um consultor do varejo. "Negociar com Adelino (Colombo) é complicado e ele não quer deixar o comando do negócio.

 

Procurado pela Gazeta Mercantil, o empresário Adelino Colombo negou qualquer negociação com o fundo Advent. "Não conheço as pessoas do fundo de investimentos. Não fui procurado", afirmou. Porém, é bom lembrar que no episódio de assédio do grupo mexicano Elektra na Colombo, o empresário negou a notícia, mas passado um tempo admitiu que o acerto não ocorreu porque os mexicanos consideraram o valor pedido alto.

 

Se essas negociações serão fechadas rapidamente, não é possível prever. "Mas a consolidação é inevitável. Além dos fundos temos empresas como Magazine Luiza e Ponto Frio que também investem para serem consolidadores", afirma um consultor.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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