A crise financeira mundial não intimidou os consumidores a comprarem cosméticos. Ao contrário, as vendas dos últimos meses do ano têm ficado acima das expectativas do varejo e obrigou as redes varejistas a ampliarem suas compras, fazendo as fabricantes de produtos de higiene pessoal e beleza a produzirem mais. "O varejo não tinha feito previsão de compra para as festas de fim de ano tão otimista, e estimava para o mês de dezembro mais reposição do que novas compras, mas foi obrigado a fazer e estamos trabalhando para atender a demanda", afirmou João Carlos Basílio, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). "Ainda tem pedidos sendo solicitados"
Diante do bom momento do setor, a entidade revisou para cima a expectativa do faturamento do setor, para R$ 21,6 bilhões (preço de fábrica, sem impostos), o que corresponde a um crescimento de 10,4%. A nova previsão permite ao setor manter patamar de alta de dois dígitos que já registra há 12 anos. Anteriormente, a projeção era aumento de 8,7%.
Entre os segmentos do setor, o de maior crescimento é o de perfumaria, que deverá registrar um aumento de 16% a 17% no faturamento, para R$ 3,24 bilhões, seguido de higiene pessoal, com alta de 12% a 13%, para R$ 12,62 bilhões. Já no segmento de cosméticos, o crescimento é menos expressivo, de 6% a 7%, para R$ 5,89 bilhões. "O crescimento será mais em volume que em faturamento e isso se deve à concorrência mais acirrada, que exige produtos de melhor qualidade com preços menores", explicou Basílio.
Expectativas para 2009
Os empresários do setor estão otimistas para 2009. "Com os juros no patamar atual, a inflação não dispara e o poder aquisitivo da população não deverá ficar comprometido, então o consumo de bens não duráveis, como os cosméticos, não deverá sofrer retração", afirmou. De acordo com Basílio, a Abihpec espera manter o patamar de crescimento de dois dígitos para o ano que vem. "Acreditamos que isso seja possível e vamos trabalhar com esse objetivo", disse o executivo.
O principal trabalho a ser encaminhado pela entidade será a busca de redução das tarifas impostas a diversos produtos de higiene pessoal. A idéia, segundo explicou, é reduzir a carga tributária dos produtos para até 12%. "Acreditamos na possibilidade de redução, já conseguimos sensibilizar as autoridades para essa necessidade", disse, citando a implantação da substituição tributária no estado de São Paulo, que resultou em um aumento de 260% na arrecadação do governo paulista até agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado. "O Estado não tem como não reconhecer que seja absurda a carga tributária que temos", disse Basílio, citando a escova de dente, sobre a qual incide 40% de impostos.
Veículo: Gazeta Mercantil