Fundo Innova paga R$ 100 milhões por fatia na marca que vendeu R$ 30 milhões em 2012; ideia é copiar modelo da Häagen-Dazs
O fundo Innova, que tem entre seus participantes o empresário Jorge Paulo Lemann, anunciou ontem a compra de 20% da fabricante de sorvetes Diletto, por cerca de R$ 100 milhões, segundo fonte próxima às negociações. A marca de sorvetes premium, com uma fábrica própria em Cotia (SP) e 3 mil pontos de venda em todo Brasil, foi criada em 2007 por Leandro Scabin, que continuará como presidente da empresa.
As negociações começaram há cerca de um ano, quando o próprio Lemann, sócio de empresas como AB Inbev, Burger King e Heinz, entrou em contato com a Diletto. "A iniciativa foi dele", disse a fonte, que preferiu não se identificar. Marcel Hermann Telles, sócio de Lemann, também participa do fundo Innova.
Com a injeção de capital feita pelos investidores e a cultura de gestão da dupla Lemann e Telles, o plano da Diletto agora é copiar o modelo de grandes marcas de sorvete, como Häagen-Dazs e Mövenpick. Na Europa e nos Estados Unidos (e também no Brasil, no caso da Häagen-Dazs), as duas marcas vendem seus produtos tanto em supermercados, padarias e lanchonetes quanto em pontos próprios, como lojas ou quiosques em shoppings centers. A Diletto, inicialmente, vendia seus sorvetes só em lanchonetes e restaurantes e em quiosques próprios.
No início de 2011, com a inauguração da fábrica própria (até então a Diletto delegava toda sua produção a um fabricante terceirizado), a marca passou a ser vendida também em supermercados. No último ano, o maior crescimento de vendas da empresa veio desse canal, segundo um executivo ligado à companhia, que teve receita de aproximadamente R$ 30 milhões. A previsão para 2013 é chegar a R$ 50 milhões.
Avô. A Diletto é uma reedição de uma empresa que o avô de Leandro Scabin, Vittorio Scabin, tinha na Itália. Depois de morar na Itália e fazer estágio em empresas como a fabricante de chocolates Ferrero Rocher (foi junto com Cristiano Ferrero, herdeiro da marca, que Scabin desenvolveu a fórmula dos sorvetes Diletto), o empresário voltou ao Brasil e criou a Diletto em 2007, importando todos os ingredientes da Itália - até os palitos. Para lançar seus produtos, escolheu a praia de Trancoso, na Bahia, onde distribuiu seus primeiros picolés para os "vips" que passavam o réveillon em festas fechadas.
Dois anos depois, Scabin agregou dois sócios ao negócio: Fábio Meneghini, publicitário da WMcCann, e Fábio Pinheiro, ex-sócio do Banco Pactual. Meneghini se tornou o responsável pelo desenvolvimento das embalagens e por toda comunicação visual da marca. Pinheiro ficou com a parte financeira.
Em 2010, a empresa conseguiu R$ 10 milhões financiados pelo BNDES para construção da fábrica em Cotia. Todas as máquinas vieram da Itália.
Mercado. No Brasil, o consumo de sorvetes cresce ano a ano. Só em 2012, foram 1,209 bilhão de litros, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Sorvetes (Abis). Em relação a 2011, a evolução foi de 4,4%. Nos últimos dez anos, o crescimento acumulado do consumo chegou a 76,4%. O consumo médio individual passou de 3,82 litros por ano por pessoa em 2003 para 6,21 litros no ano passado, alta de 65%.
Veículo: O Estado de S.Paulo