Este ano deve ser um marco na história da Danone. Instalada há quatro décadas no país, em 2013, pela primeira vez, a operação brasileira da multinacional francesa deve ultrapassar a marca de R$ 2 bilhões de faturamento líquido. O plano é repetir a taxa de crescimento do ano passado, de 15%. Dois terços desse aumento viriam de aumento de volume e o restante é resultado da combinação de reajuste de preços e expansão do portfólio.
Nesta semana, começam a chegar ao varejo cerca de 20 novos iogurtes, entre os quais o "grego", produto que os maiores concorrentes já têm. Também será lançado um iogurte produzido em parceria com a fabricante de cereais Kellogg, além de uma linha infantil com o tema Turma da Mônica. Outros lançamentos estão previstos para setembro deste ano, mas a prioridade agora é o iogurte "o verdadeiro Danone".
Para sustentar a expansão, a Danone vai investir cerca de R$ 120 milhões em máquinas e equipamentos. Não para abrir novas fábricas, mas para ampliar a capacidade instalada em suas duas fábricas localizadas em Poços de Caldas (MG) e em Maracanaú (CE). A empresa também terceiriza a produção para outras quatro fabricantes em São Paulo, Ceará, Pernambuco e Paraná.
Os investimentos vão ser concentrados na fábrica de Poços de Caldas, "a maior fábrica de iogurtes da América do Sul e a terceira maior da Danone no mundo", diz o presidente da Danone no Brasil, Mariano Lozano. A Danone tem, no total, 47 fábricas de produtos lácteos em 100 países.
A maior parte dos investimentos é proveniente do caixa da companhia no país, que não remete lucro para a matriz e reinveste na operação brasileira. Outra parcela é levantada por meio de linhas de financiamento contratadas com bancos públicos e privados, como BNDES e Citibank, por exemplo. A operação brasileira também não recebe recursos da matriz.
A meta da Danone é dobrar de tamanho a cada quatro ou cinco anos no Brasil, diz Lozano. "Há anos crescemos no ritmo de dois dígitos", diz ele. Em 2004, a empresa faturou R$ 500 milhões; em 2008, R$ 1 bilhão. O desafio torna-se mais difícil a cada ano, à medida em que o mercado evolui para uma base maior de comparação e de competição mais acirrada.
Estimular um mercado que consome um iogurte por pessoa a cada seis dias requer esforços: "Para crescer e alcançar uma porção diária de iogurte por pessoa, precisamos quebrar o paradigma de que é um produto caro", diz Lozano. Argentino, o executivo trabalha há 13 anos na Danone em países em desenvolvimento, como Eslováquia e África do Sul.
A divisão de iogurtes corresponde a 80% da receita da Danone no Brasil, que também atua nas áreas de alimentos médicos, nutrição infantil e água. A meta de popularizar o produto faz com que os investimentos em comunicação e marketing sejam bem maiores do que os aportes feitos em máquinas e equipamentos. Cerca de 10% do faturamento anual vai para comunicação, enquanto a verba para máquinas e equipamentos gira em torno de 5% a 6% das vendas.
A Danone investe em aumento do portfólio, em marketing e trabalha formatos de embalagens e preços visando aproveitar as mudanças nos hábitos de consumo que acompanham o aumento da renda do brasileiro. No ano passado, a companhia respondeu por 80% de todo o investimento em publicidade feito pelos fabricantes de iogurte, diz Lozano, sem citar valores. Também em 2012, relançou o iogurte "o verdadeiro Danone", mais barato do que o carro-chefe, Activia.
Ambos os produtos são vendidos em vários formatos, de embalagem pequena e individual, por menos de R$ 1, até garrafas grandes que custam R$ 8,50. Cerca de 30% dos produtos do portfólio custam até R$ 1, segundo Lozano.
A Danone é líder com 37% de um mercado que faturou R$ 5,6 bilhões em 2012 no Brasil, de acordo com Lozano, seguida por Nestlé (19%), Batavo, da BRF, (10%) e Vigor, da JBS (5%). Quando somadas as operações de Vigor e Itambé, comprada no mês passado, a participação de mercado das duas marcas chega a 9%.
Veículo: Valor Econômico