O banco de investimento Rabobank projeta alta de 14% nos preços internacionais do café arábica até o fim de 2013, com base em expectativas de aperto na oferta diante da boa demanda esperada pelo produto.
Em relatório divulgado na semana passada, o banco estima um déficit mundial de 1 milhão de sacas de arábica na temporada 2013/14, depois de um superávit de 6,6 milhões de sacas em 2012/13. Se confirmado, será o quadro mais apertado desde 2009/10, suficiente para suportar uma recuperação nas cotações.
A menor oferta mundial de arábica é provocada por perdas na produção da América Central - importante região exportadora prejudicada por um surto de ferrugem - e pela redução das exportações do Brasil, maior produtor e exportador mundial de café.
Para América Central e no México, o Rabobank prevê redução de 18% nas safras 2012/13 e 2013/14. A região passa pelo pior ataque do fungo "roya" desde 1976, o que provocou redução dos embarques, riscos de preços ascendentes e consequências "potencialmente duradouras" para a indústria, segundo o banco.
Para o Rabobank, os impactos de longo prazo da baixa qualidade e do menor volume de café na América Central podem mudar estruturalmente a produção mundial do grão arábica. Apesar da necessidade de investimentos nas lavouras, a renovação do parque cafeeiro com variedades resistentes ao fungo é dispendiosa. Com o aumento dos custos de produção da América Central, os cafeicultores podem reduzir a área de café ou migrar para outras culturas.
O banco alerta, em seu relatório, que a diminuição da oferta na região deverá ser compensada por uma grande safra brasileira, apesar da atual preocupação em relação ao futuro dos embarques do país.
No Brasil, os níveis dos estoques estão elevados depois da colheita volumosa de 2012/13 e da redução das exportações, mas as restrições logísticas podem dificultar as vendas externas do grão - um fator de suporte para os preços. O banco prevê que os embarques brasileiros de café arábica, que foram 18% menores em 2012/13 em relação à temporada anterior, vão continuar em queda em 2013/14. As reduções das vendas externas brasileiras e as safras menores na América Central provavelmente levarão a uma queda nos estoques certificados da bolsa de Nova York.
Já para o café robusta, o Rabobank projeta um pequeno déficit global de 300 mil sacas em 2013/14 e preços entre US$ 2.100 e US$ 2.200 por tonelada ao longo do ano.
Veículo: Valor Econômico