Produtos importados dominam o setor

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No varejo, materiais encomendados do exterior chegam a representar mais da metade do mix disponível.


É cada vez maior a presença de produtos importados nas prateleiras das lojas de equipamentos elétricos de Belo Horizonte, onde os itens trazidos do exterior chegam a representar mais da metade do mix disponível. Lâmpadas e acessórios diversos estão entre os principais produtos de origem estrangeira, seja em função do preço mais competitivo ou da ausência de fábricas no Brasil.

Na Loja Elétrica, que conta com cinco unidades na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, a presença de produtos importados não só tem crescido nos últimos anos, como também possui fôlego para aumentar ainda mais nos próximos.  o que explica o responsável pelo setor de compras da rede, Paulo Bettoni. Segundo ele, isso tem ocorrido por dois motivos: preço e competitividade.

"Além dos próprios preços que possuem grande disparidade, a verdade é que a indústria brasileira não tem desenvolvido a ponto de acompanhar a evolução do setor internacional", justifica.

Ainda conforme Bettoni, quando a escolha pelo importado leva em consideração o preço, é porque o item trazido de outros países é, no mínimo, 30% mais em conta do que o fabricado no mercado nacional. "A diferença tem que ser de no mínimo 30% - chegando em alguns casos a 40% - para que a compra seja vantajosa e justifique a importação. E, ainda assim, o volume de itens trazidos do exterior é grande. Isso explicita a falta de competitividade do nosso país", avalia.

Dos cerca de 30 mil itens comercializados pela Loja Elétrica, grande parte é oriunda de outros países, tais como China, Alemanha, Espanha, Itália, Estados Unidos e Argentina. Do total trazido de fora, 70% vêm do gigante asiático. Já entre os principais produtos importados estão: cabos de aço, lâmpadas, equipamentos eletrônicos de medição, isoladores elétricos e condutores.

Componente - Na Othon de Carvalho, que além de uma loja física no Barro Preto também efetua vendas virtuais, a situação não é diferente. De acordo com o gerente da loja, Marcos Antônio Rocha, além dos inteiramente importados, muitos dos produtos elétricos comercializados pela Othon possuem algum componente vindo do exterior. "As lâmpadas são 100% importadas e os reatores, por exemplo, apesar de serem fabricados no Brasil, possuem cerca de 80% de seus componentes trazidos de outros países", explica.

Assim, aproximadamente 20% dos 22 mil itens comercializados pela Othon possuem alguma relação direta com a indústria internacional. E esta proporção, conforme Rocha, tem aumentado. "O preço mais barato e a ausência de fábricas nacionais é que têm causado essa invasão", diz.

Já no Ponto do Eletricista, com duas unidades na Capital, o mix de produtos elétricos da loja, que também comercializa ferramentas, é, em grande parte, importado, principalmente as lâmpadas e alguns acessórios. Ao todo, a rede conta com 4,5 mil produtos diferentes para venda. A informação é do gerente de uma das lojas, Denilson de Oliveira. "Tudo é made in China", destaca.

Na avaliação de Oliveira, a participação cada vez maior de itens importados não é "privilégio" somente do setor de materiais elétricos, já que em outras áreas do comércio e da própria indústria é visível a "invasão" desse tipo de item. "O ideal seria que nossos produtos fossem comercializados em outros países, mas não é esta a realidade", pondera.

Confirmando a maior presença de materiais estrangeiros em diversas áreas da indústria nacional, pesquisa divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), no início do mês, revelou que a participação dos importados no consumo doméstico atingiu 21,6% no passado, 2,1 pontos percentuais acima de 2011, o maior valor registrado desde o início do levantamento, em 1996.

O coeficiente de penetração das importações registrou maior crescimento, com 6,4 pontos percentuais acima de 2011, nos setores de informática, eletrônicos e óticos. Foi significativo, igualmente, nos segmentos de máquinas e materiais elétricos (mais 4,8 pontos percentuais), farmoquímicos e farmacêuticos (4,6 pontos percentuais acima) e de máquinas e equipamentos (também mais 4,6 pontos percentuais).




Veículo: Diário do Comércio - MG


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