A japonesa Sharp Corp. tenta freneticamente encontrar novas fontes de capital à medida que se aproximam importantes vencimentos de financiamento. Mas as opções da fabricante de eletrônicos encolheram, depois que a empresa informou a potenciais financiadores que não quer abrir mão do controle de decisões-chave e rejeitou as demandas de credores para que se desfaça de alguns ativos essenciais.
Para complicar as tentativas da Sharp para sobreviver a uma situação financeira cada vez mais difícil, dois ex-presidentes se uniram aos esforços do atual presidente Takashi Okuda para negociar com diferentes grupos de potenciais investidores, criando confusão entre credores e investidores sobre quem está no comando num momento crítico para a empresa.
A Sharp - conhecida por seus televisores de cristal líquido Aquos e outros eletrônicos - recebeu ajuda financeira significativa nos últimos meses, vendendo pequenas fatias para a Samsung Electronics Co. Inc. e a Qualcomm avaliadas em US$ 106 milhões cada.
Mas, com uma linha de crédito vencendo em junho e um resgate de títulos de dívida marcado para setembro, a Sharp ainda precisa arrecadar muito mais dinheiro para reforçar o seu caixa, de acordo com pessoas a par da situação. A maior parte do capital necessário será provavelmente captada através de uma nova emissão de ações nos próximos meses, essas pessoas disseram, acrescentando que ainda é preciso um novo investidor para elevar a confiança do mercado numa emissão de ações.
Uma das poucas opções disponíveis para a empresa, de acordo com pessoas a par da situação, seria fechar um acordo com fundos de private-equity que fazem exigências mais rígidas que outras empresas da indústria. A Sharp informou que continua considerando várias opções para suas finanças.
Uma fonte potencial de capital que parecia promissora provavelmente vai oficialmente secar hoje, quando termina o prazo para renegociar um investimento da Hon Hai Precision Industry Co., de Taiwan. Também conhecida como Foxconn, a Hon Hai tinha originalmente prometido US$ 709 milhões à Sharp em março passado. Mas o acordo foi desfeito em agosto, quando a empresa taiwanesa emitiu um comunicado anunciando que a Sharp havia informado que a Hon Hai não precisa honrar o acordo original.
A Sharp desmente o comunicado, mas concordou em renegociar depois que os reguladores de Taiwan rejeitaram os termos originais do acordo em nome dos acionistas da Hon Hai. Executivos da Sharp perderam a esperança de ressuscitar um acordo com a empresa, segundo pessoas familiarizadas com as negociações.
A busca de um possível investidor tem sido um desafio, porque a Sharp não abre mão de controle como parte de qualquer acordo, e o grupo de potenciais parceiros diminuiu em meio às dificuldades que outras rivais domésticas da Sharp enfrentam.
Com poucas opções de capital disponíveis, a Sharp continua altamente dependente de seus dois principais credores, Mizuho Corporate Bank e Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ, que vão analisar a possibilidade de estender ou romper uma linha de crédito de US$ 3,8 bilhões para a Sharp em junho. De acordo com pessoas inteiradas com a posição dos bancos, espera-se que eles estendam a linha de crédito.
Recuperando-se de prejuízos nos últimos dois exercícios fiscais, após o fracasso de bilhões de dólares investidos em novas linhas de produção de LCD no Japão, a Sharp acumula uma dívida com juros de US$ 12,4 bilhões, ou mais de sete vezes o dinheiro que tem em caixa. A classificação de sua dívida caiu abaixo do nível de alto risco e sua ação já perdeu mais de 50% do valor ante o ano anterior, apesar de ganhos significativos nas bolsas japonesas em geral. A Sharp também enfrenta o resgate de um título de dívida conversível de US$ 2,1 bilhões em setembro.
"Há cada vez menos opções de captação de fundos para a Sharp", diz Hiroshi Sakai, analista do centro de pesquisa SMBC Friend. "Os bancos credores, inevitavelmente, terão papéis maiores", aumentando a probabilidade de medidas mais drásticas, como a venda de alguns ativos, acrescentou.
Veículo: Valor Econômico