Retenção de mão de obra é desafio no varejo

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Chegando a níveis nunca antes vistos, a taxa de desocupação de postos de trabalho, com média fixada em 5,5%, em 2012, vem trazendo dificuldades aos varejistas em busca de mão de obra qualificada. Para driblar esses problemas, redes como Magazine Luiza e Riachuelo buscam, junto ao governo federal, incentivos como redução tributária e capacitação para impulsionar o setor, que registra perda de mão de obra para empregadores com carga horária mais flexível, como bancos e prestadoras de serviços.

Atento às mudanças pelas quais o segmento passou ao longo dos últimos anos, Flávio Rocha, presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV) e da Riachuelo, em pronunciamento no 1º Fórum Nacional do Varejo, indicou o caminho para a solução do impasse: valorizar e qualificar o profissional do setor, de modo a que ele visualize uma carreira próspera dentro da área. De acordo com a opinião do executivo, o mesmo processo já se deu no sistema financeiro, o que explica a grande procura de jovens recém-formados por trabalho e ingresso no ramo bancário, por exemplo. À margem da sociedade nos tempos de outrora, o varejo atual passa a ostentar um status mais elevado perante a população. Por ser um dos braços da economia que mais evoluem no País, ele é visto, hoje, como uma ótima oportunidade de emprego, assim como o é nos países europeus e nos Estados Unidos.

"Isso tudo é uma questão cultural. Vamos fazer parcerias com o governo para mostrar aos jovens talentos que hoje a prosperidade profissional se encontra numa empresa de varejo", disse o executivo.

Também a favor do diálogo mais estreito com autoridades governamentais, Luiza Helena Trajano, presidente do Magazine Luiza, destacou que antes ninguém sonhava em construir carreira dentro desse segmento e a maioria dos funcionários tinha vergonha de se considerar "vendedor". Atualmente, isso mudou.

Dono de aproximadamente 30% das vagas de trabalho, o comércio é o maior empregador do Brasil. "Chegou a nossa vez. O País é nosso. Somos a bola da vez", afirmou Luiza Helena, em pronunciamento feito no mesmo encontro de varejistas.

Nas palavras da empreendedora, o varejo nacional alcançou um nível de importância tal que, durante o Retail's Big Show (NRF), o maior evento internacional do segmento, realizado este ano em Nova York, nos Estados Unidos, 90% dos palestrantes falaram sobre o mercado brasileiro - o que, segundo ela, não era sequer mencionado em edições anteriores. Outra amostra de que o segmento atual detém maior representatividade no País fica visível na esfera política. "Antes não tínhamos voz nas decisões do governo. Hoje, temos uma secretaria para defender os nossos interesses", diz Luiza, referindo-se à Secretaria de Comércio e Serviços, criada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

De olho nessa valorização que se acentua a cada ano, faculdades de renome passaram a oferecer cursos especializados na área de gestão do varejo, e inúmeras empresas, sobretudo as de maior porte, já propiciam treinamento profissionalizante. É o caso de Pão de Açúcar e Walmart.

Num processo de adequação ao novo cenário econômico, as redes supermercadistas perceberam que o único jeito de atrair e segurar os profissionais dentro de seus estabelecimentos é investir na sua formação.

Lidando com um público cada vez mais exigente e conectado, os players veem na mão de obra qualificada uma saída, sobretudo na concorrência com as lojas virtuais, para se diferenciar em um mercado competitivo.

Outro lado

O outro lado da história, no entanto, é bastante animador. Ao mesmo tempo em que suscita uma demanda por funcionários especializados, o pleno emprego é um dos principais fatores que levaram o setor a crescer a um ritmo mais elevado do que o do Produto Interno Bruto (PIB), conforme observado em 2012, e que ainda sustenta previsões de incremento nos próximos anos.

De acordo com Luiza Helena, as taxas de desocupação baixíssimas, a expansão do crédito e a construção de mais moradias levarão o setor a um crescimento surpreendente num futuro não muito distante. "23,5 milhões de casas serão entregues de 2010 a 2022. Imagina quanto eu vou vender de eletrodoméstico para esses lares", disse.

Quanto ao diálogo com o Estado, a empreendedora levantou a bandeira do projeto "Part Time" - denominação usada para definir um expediente de tempo reduzido a menor salário - para elevar a empregabilidade do setor. Em sua opinião, a medida faria com que algumas lacunas fossem preenchidas, como a contratação de aposentados e estudantes para trabalharem em fins de semana ou além do horário tradicional de labuta.




Veículo: DCI


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