Síndrome de abstinência. Essa é a expressão mais eficiente para descrever aquele desconforto que só desaparece depois do reencontro com um belo prato de arroz com feijão.
Cientes que esse tipo de sensação acomete a maioria dos brasileiros, 90% dos restaurantes das regiões Sudeste, Nordeste e Norte oferecem essa dupla na composição dos seus pratos. Segundo pesquisa realizada pela Assert (Associação das Empresas de Refeição e Alimentação Convênio para o Trabalhador), nos restaurantes a la carte a combinação está em 76% dos pratos. Na opção comercial (o famoso PF) arroz e feijão marcam presença de 90% no Sudeste e de 95% no Nordeste. "O valor nutricional do prato é tão alto que estamos mobilizados em conscientizar as pessoas que elas não devem reduzir o consumo de arroz e feijão", diz o presidente da Assert, Artur Renato Brito de Almeida.
Segundo o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice geral de inflação de 2012 foi de 5,84%, mas o percentual que incidiu especificamente sobre a alimentação em domicílio foi de 10,04% - o arroz subiu 36,67%, o feijão preto 44,2% e o mulatinho chegou a 53,8% de aumento. Já o índice para as refeições fora do lar foi de 8,59%.
Ficou mais barato comer arroz com feijão no restaurante. O problema para quem consome em restaurantes "por quilo" é o peso em gramas da combinação, que pode tornar a refeição mais cara. "Quem mora sozinho costuma achar que vale a pena porque evita desperdício e reduz o trabalho de cozinhar", diz a nutricionista Telma Anunciato.
Mesmo mais cara na mesa de casa, a combinação é uma pechincha se considerarmos seus benefícios nutricionais. "O arroz contém metionina e os feijões lisina. Juntos formam uma proteína que geralmente só aparece em alimentos de origem animal, como as carnes, com a vantagem de não terem gordura saturada e não provocarem a formação de colesterol", explica a nutricionista Cristina Rubim, do Instituto Nutra e Viva. A combinação - que, segundo os nutricionistas, deve ser de uma concha de feijão para meia escumadeira de arroz - equilibra o índice glicêmico, o que reduz o risco de diabetes e aumenta a saciedade. Estudos científicos comprovam o que as avós diziam: "Comer sem arroz e feijão não sustenta".
Veículo: Diário do Grande ABC