A mais moderna cigarreira da América Latina. É assim que o secretário de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia de Santa Cruz do Sul, César Antônio Cechinato, descreve a unidade produtiva que será inaugurada hoje pela Philip Morris no distrito industrial da cidade. Segundo ele, o investimento ascende a R$ 113,4 milhões e as obras duraram cerca de dois anos e meio. “Esse investimento é fundamental para a nossa região e para o Estado. A Philip Morris já é a maior empresa de Santa Cruz do Sul - responde por 54% do retorno de ICMS do município - e a nova fábrica de cigarros consolida a presença da companhia aqui e o status da cidade como polo cigarreiro”, avaliou o secretário.
A expectativa dos gestores municipais, apontou Cechinato, é de que os 1,2 mil postos de trabalho gerados pela indústria nas instalações antigas (que eram dentro do perímetro urbano e serão substituídas pelas novas, no Distrito Industrial, às margens da BR-471) sejam mantidos. Outros 25 postos, para especialistas em automação industrial, também devem ser criados. “A empresa normalmente oferece uma remuneração e um pacote de benefícios diferenciados aos trabalhadores. A vinda desses profissionais, extremamente qualificados, deve elevar ainda mais a renda média do município”, detalhou.
A analista de mercado da Fundamenta Investimentos Laís Martins Fracasso acredita que as novas instalações - com um ganho de produtividade ainda não divulgado pela companhia - devem ajudar no processo de expansão do market share da Philip Morris. Segundo ela, a empresa (que opera com capital fechado no Brasil) ampliou sua participação no mercado brasileiro desde a implantação da política de preço mínimo e do aumento de impostos feito em maio passado.
“Antes dessa mudança, a Souza Cruz (que é a principal empresa do setor a negociar ações na BM&FBovespa) estimava uma participação de 60% do mercado brasileiro de cigarros, enquanto a fatia da Philip Morris ficava entre 15% e 20%, e os produtos contrabandeados tinham pouco mais de 20%. Desde a implantação do preço mínimo, a empresa divulga apenas seu market share no mercado legalizado, que desconsidera a entrada de produtos de contrabando. Nessa metodologia, a Souza Cruz responde por 75% do mercado doméstico”, afirmou ela.
Nesse processo de implantação do preço mínimo e da elevação em 40% do IPI sobre os cigarros (atualmente a carga tributária sobre o tabaco chega a 60% do preço final), a analista aponta um detalhe que denota o ganho de mercado pela Philip Morris: logo após a alta na tarifa do IPI, a Souza Cruz estabeleceu o preço da marca Free em R$ 5,00, mas como os produtos da fabricante concorrente subiram menos, acabou reduzindo o valor de venda do maço para R$ 4,75. Em janeiro, com o novo reajuste no preço mínimo (que passou de R$ 3,00 para R$ 3,50), a Souza Cruz reajustou sua tabela e, atualmente, o preço do mesmo produto é de R$ 5,50.
Além do crescimento no mercado interno, o presidente do Sindicato das Indústrias do Fumo (Sindifumo), Iro Schünke, aponta que uma produção maior também deve ter reflexo na balança comercial, já que 85% da produção do setor é para exportação.
Veículo: Jornal do Comércio - RS