Para indústria farmacêutica, percentual é baixo e prejudica investimentos
Medicamentos de maior tecnologia e mais caros terão menor reajuste; setor pode movimentar R$ 70 bilhões em 2013
LUCAS SAMPAIO DE SÃO PAULO
O governo autorizou ontem reajuste de até 6,31% no preço dos medicamentos, que, na prática, já havia sido repassado por farmácias em São Paulo desde segunda-feira.
Em 2012, a alta máxima autorizada foi de 5,85%.
O aval para o reajuste foi publicado na edição de ontem no "Diário Oficial da União". Alguns estabelecimentos, no entanto, já haviam aumentado preços no início da semana.
A Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) havia autorizado o reajuste a partir de 30 de março, mas faltava a oficialização.
A indústria farmacêutica diz que o reajuste é baixo e não repõe a inflação.
"Até agora, o setor absorveu esse impacto", diz o Sindusfarma. "A continuidade vai afetar a saúde financeira das empresas e pode comprometer o lançamento de produtos e os investimentos."
Para os medicamentos de nível 1 -em que a participação de genéricos no mercado é igual ou superior a 20%-, o reajuste máximo será de 6,31%. A lista é composta por remédios mais simples, de maior concorrência, como amoxilina, omeprazol e paracetamol.
Para os de nível 2 -com participação de genéricos entre 15% e 20%-, o reajuste máximo será de 4,51%. Fazem parte da categoria anestésicos locais e antipsicóticos.
Para os de nível 3 -em que genéricos têm menos de 15% do mercado por se tratar de medicamentos especializados, de alta tecnologia-, o reajuste máximo será de 2,70%. É o caso de antirretrovirais e anticoncepcionais.
Cálculo do Sindusfarma (sindicato das farmacêuticas de SP) mostra que, se os remédios forem reajustados pelo preço máximo, a alta média será de 4,59% ao cliente.
NECESSIDADE
Para Beatriz Vasconcelos, aposentada de 68 anos que gasta R$ 200 por mês com medicamentos porque tem pressão e colesterol altos e osteoporose, o governo deveria evitar o aumento.
"Ninguém compra remédio por esporte. O governo deveria tirar imposto dos remédios, assim como faz com o carro", diz a ex-professora de história e geografia. "Não há nenhuma família brasileira que não tome remédio."
Levantamento do Ibope Inteligência mostra a importância do setor para a economia.
Impulsionado pelas classes B e C -elas representam, juntas, 79% do consumo de remédios no país-, o comércio deve crescer 12% neste ano e atingir R$ 70 bilhões.
Segundo o estudo, o gasto anual médio dos brasileiros com remédios é de R$ 430,92.
Veículo: Folha de S.Paulo