Setor se revigora na região do Vale do Rio Pardo com três projetos anunciados nas últimas semanas
Um setor agrário que cresce ano a ano é reflexo de constantes investimentos. Com essa visão, a indústria fumageira brasileira chegou ao 20º ano consecutivo como líder do ranking mundial de exportações da folha em 2012, e o tabaco foi o único entre os 15 principais produtos exportados pelo Rio Grande do Sul com desempenho positivo.
O bom desempenho do setor se reflete em expansões. Pelo menos três investimentos que somam cifras milionárias foram anunciados nas últimas semanas no Vale do Rio Pardo – o maior deles de responsabilidade da Philip Morris, deverá dar início hoje às atividades em uma nova fábrica que irá concentrar todas as operações da cigarreira em um único prédio. Iniciada em meados de 2010, a obra realizada em Santa Cruz do Sul absorveu R$ 113,5 milhões.
Considerado o mais moderno em termos de equipamentos para a fabricação de cigarros da América Latina, o novo complexo industrial tem 40 mil metros quadrados e mantém a companhia no Distrito Industrial de Santa Cruz do Sul, o que deve fortalecer o município como capital mundial do tabaco.
LABORATÓRIO É CONSIDERADO UM DOS TRÊS MELHORES DO MUNDO
A empresa vai reunir na nova unidade todas as fases da produção do cigarro, desde o recebimento do fumo até a fabricação e o empacotamento do produto final. Junto com a fábrica, será inaugurado um novo laboratório, considerado pela empresa como um dos três melhores do mundo no segmento. Além disso, o complexo industrial utiliza materiais sustentáveis e capta água da chuva.
– Todos os investimentos que estão sendo realizados na região são positivos porque mantêm os empregos, geram impostos e impactam no desenvolvimento econômico de toda a região – afirma o presidente do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco), Iro Schünke.
Além disso, Schünke analisa que essas constantes melhorias por parte da indústria reflete o fato de que, mesmo com a campanhas contra o tabaco, as empresas continuam apostando e acreditando no setor.
– O investimento da Philip Morris consolida a cidade como polo cigarreiro e industrial do fumo – afirma César Cechinato, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Ciência e Tecnologia.
Renovação do setor passa pela pesquisa e por mecanização
Uma área de 82 hectares localizada em Passo do Sobrado abriga o Centro de Treinamento da Alliance One Brasil Exportadora de Tabacos. No local, a empresa pretende injetar, até o fim do ano, cerca de R$ 4 milhões em pesquisa, focada principalmente na sustentabilidade.
O investimento inclui teste de mecanização da produção de tabaco, atividade que ainda engatinha no setor fumageiro, principalmente em comparação com outras culturas, como soja e arroz.
Importado da Itália, o equipamento é destinado à colheita de tabaco do tipo virgínia, caracterizado por ser um processo exaustivo, já que é feito em etapas, folha por folha. A máquina trabalha uma linha de tabaco por vez, com capacidade de colheita de 15 a 20 hectares por safra. A cada ano, cem experimentos são conduzidos pela empresa, e cerca de 80 colaboradores trabalham na área de pesquisa.
Uma das novidades que a empresa vai lançar neste ano é o programa global de treinamento, voltado para jovens estudantes do mundo inteiro. O objetivo é formar profissionais que mantenham e melhorem a produção em pequenas propriedades. Um piloto já foi testado, e a primeira edição do treinamento, que deve selecionar 10 jovens, começa em setembro e deve encerrar em abril do próximo ano.
Mais 400 empregos em Venâncio Aires
Há 12 anos atuando no mercado fumageiro, a Valesul Brasil Tabacos concluiu há três semanas a aquisição de um complexo industrial em Venâncio Aires. Embora não revele o valor do investimento, a empresa, que passa a se chamar Tabacos Novo Horizonte (TNH), vai gerar mais de 400 empregos diretos.
A nova unidade em Venâncio Aires, município líder no ranking de produção de tabaco, passa a centralizar a área administrativa e de compra e processamento de tabaco. Além disso, a empresa vai manter as operações existentes em Santa Cruz do Sul, dedicada a produtos e processos diferenciados, onde emprega em torno de 450 funcionários.
De acordo com o diretor-presidente da TNH, Erni Edgar Dockhorn, do volume produzido pela fumageira, 100% deve ser destinado ao mercado externo. Ainda segundo o executivo, a empresa já firmou parceria de venda com um grupo dos Estados Unidos, além de contratos existentes com Holanda, Itália, Indonésia, China, Argentina e África.
Veículo: Zero Hora - RS