O conglomerado alemão Bayer quer reforçar sua posição no segmento farmacêutico no Brasil. Produtor da centenária Aspirina, o grupo quer fortalecer sua posição nos segmentos de saúde da mulher (anticoncepcionais), no qual já é líder, e avançar nas áreas de cardiologia - considerada a nova fronteira de investimento do setor farmacêutico - e oncologia. Para este ano, a companhia investirá R$ 152 milhões no Brasil, disse ao Valor o presidente do grupo no país, Theo van der Loo. Além da divisão de medicamentos, os aportes também serão destinados aos negócios químico e agrícola (defensivos e sementes), importantes áreas de atuação da companhia no país.
"Boa parte dos aportes será destinado à melhoria da estrutura das nossas unidades instaladas no país", disse o executivo. A companhia tem duas fábricas na cidade de São Paulo e um complexo industrial em Belford Roxo (RJ). "Produzimos no Brasil cerca de 70% dos medicamentos que comercializamos." O país é importante base de exportação de pílulas para América Latina e Ásia.
Em 2012, o faturamento do grupo foi de R$ 5,7 bilhões no país, alta de 26% sobre o ano anterior. A expectativa para este ano é manter o ritmo de crescimento acima de dois dígitos. O Brasil é o quinto maior mercado da empresa no mundo e o maior na América Latina. No ano passado, a receita global ficou em € 39,76 bilhões. Se globalmente os segmentos farmacêutico e saúde (health care) representam a maior fatia de seu faturamento, no Brasil é o contrário. Dos R$ 5,7 bilhões, farma ficam com 29%. A divisão Cropscience (agronegócios) fica com 56%. "O Brasil é um caso especial, no qual a agricultura tem uma grande relevância para a Bayer", disse Loo.
As estratégias do conglomerado para avançar no setor farmacêutico serão mais ousadas. A Bayer vai trabalhar de forma mais agressiva sua política de preços de medicamentos de referência que concorrem com os genéricos. Loo afirmou que a Bayer não costuma adotar uma política de desconto muito grande, mas vai repensar a estratégia para alguns produtos. Na unidade de Cancioneiro, na capital paulista, a empresa produz hormônios sólidos, pílulas e um de seus medicamento oncológicos.
Com uma extensa linha de medicamentos isentos de prescrição, como Redoxon (suplemento de vitamina C) e Bepantol (pomada infantil), a Bayer planeja uma campanha na mídia para reforçar a venda desses produtos maduros no mercado. "Temos importantes marcas, que são estratégicas. Também queremos avançar com nossos produtos inovadores." As atuais apostas da divisão farmacêutica em produtos inovadores são no anticoagulante Xarelto, que previne acidente vascular cerebral (AVC). A área de cardiologia foi ampliada com a comercialização de novos produtos para hipertensão e colesterol.
O grupo quer ainda manter o foco em produtos oncológicos - um dos seus mais recentes produtos - o Nexavar, para câncer de rim e fígado, tem mostrado resultados positivos. O grupo também decidiu competir no mercado de oftalmologia, com o lançamento do produto Eylia, para tratar degeneração macular em idades avançadas.
Na área química, o grupo está desenvolvendo a cobertura do novo estádio de futebol que está em construção em Brasília para a Copa do Mundo. A companhia fornece o policarbonato (nome comercial Makrolon) produzido em suas unidades da Ásia, Europa e EUA, que é transformado em placas sólidas. O grupo, que é fornecedor global desse material - também utilizado no teto solar dos modelos Smart, da Mercedez-Benz, e o novo Beetle, da Volkswagen, quer expandir sua atuação no Brasil nesse segmento. "Estamos em todos os lugares que você possa imaginar, não só em medicamentos, mas na química e agronegócios", disse
A companhia também prevê investir R$ 5 milhões na construção de uma ponte que interliga sua fábrica à estação de trem de Santo Amaro, em São Paulo.
Veículo: Valor Econômico