Caos logístico do Brasil dá lucro aos EUA

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Para presidente da SLC, uma das maiores donas de terras do País, situação favorece produtor americano

O presidente (CEO) da SLC Agrícola, Aurélio Pavinato, disse ontem que o caos logístico está aumentando os ganhos dos países produtores de grãos que competem com o Brasil. "O preço está mais alto para pagar a conta logística brasileira, e o produtor americano está ganhando mais do que isso", exemplificou.

A rentabilidade da produção brasileira, em compensação, está caindo. "Hoje (a logística) está gerando uma perda para toda a cadeia. O produtor está ganhando menos, a trading, que já estava comprada, está perdendo, e o consumidor vai pagar mais pelo produto", argumentou.

A SLC Agrícola é uma das maiores proprietárias de terras e uma das maiores produtoras agrícolas do País em área cultivada de algodão, soja e milho. Segundo Pavinato, com os atuais custos logísticos, o Brasil não tem condições de competir no mercado de milho com Estados Unidos, Argentina e Europa.

Ele destacou que hoje o custo de transporte para levar o milho de Mato Grosso até o porto custa entre 50% e 60% do valor do produto. Na soja, esse porcentual está em, no máximo, 30%.

O executivo avaliou, ainda, que a maior volatilidade das cotações das commodities agrícolas, com o aumento do cultivo em áreas marginais, de maior risco climático, e o maior volume de negociação dos grãos no mercado financeiro, exige rigoroso controle das despesas. "O custo de fertilizantes tem oscilação muito grande ao longo do ano. Se você compra no período errado, fixa custo alto", explicou.

O executivo da SLC Agrícola afirmou que a empresa está reduzindo o ritmo de comercialização futura da safra 2013/14 em consequência dos altos preços do frete. "Está mais difícil vender por causa da superestimativa dos fretes." Para ele, no entanto, há uma tendência de reequilíbrio nos preços para transportar os grãos, com a adaptação à Lei dos Caminhoneiros e investimentos das empresas transportadoras. A empresa vende toda a produção de milho e soja na fazenda, de acordo com Pavinato.

O executivo afirmou que os preços atuais de milho e soja, em queda na comparação com o ano passado, correspondem a uma precificação de uma safra cheia nos Estados Unidos e no Brasil, mesmo movimento visto no período anterior, antes da seca diminuir a produção americana.

Na avaliação de Pavinato, há espaço para uma boa remuneração da produção de milho no Paraná, mesmo com a safra cheia, por causa da demanda existente das agroindústrias, especialmente em Santa Catarina.

A companhia projeta cultivar 310 mil hectares na safra 2013/14, ante 280 mil hectares no ciclo 2012/13. As três culturas (milho, soja e algodão) devem crescer em área plantada, mas a distribuição das culturas ainda não foi definida. O crescimento da área cultivada se dá sobre áreas adquiridas e que serão abertas pela SLC nesse ciclo, parcerias com produtores e arrendamentos.

Pavinato disse que a empresa continua a comprar terras, mas espera acomodação dos preços para novos negócios. A tendência, a longo prazo, é que o preço das terras continue subindo.



Veículo: O Estado de S.Paulo


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