Shopping vertical pode atrair lojistas voltados aos sacoleiros

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Novos shopping centers trazem lojas de rua e populares para seu interior com o intuito de atrair a classe C. É o caso dos centros comerciais Estação Jardim Shopping e do Nova 25 de Março, que serão construídos nos bairros do Itaim Paulista e de Santo Amaro, respectivamente, em São Paulo (SP). A meta é arrematar o fluxo de pessoas que se dirige a essas regiões, especialmente para ir às compras, reunindo o comércio local dentro do centro comercial.

"Hoje, 1,5 milhão de pessoas [soma que o Estação Jardim pretende atender] oriundas da classe C equivale a 300 mil pessoas da classe A e B. É uma questão de cálculo: a renda média dessa parcela da população é um terço menor do que a do grupo mais abastado. Assim, sua rentabilidade precisa ser três vezes maior", disse Henrique Falzoni, presidente da Enplanta, construtora e administradora de shopping centers responsável pelo projeto da Estação Jardim. O empreendimento, que demandará um investimento líquido de R$ 250 milhões, será erguido numa zona periférica de São Paulo conhecida pelo intenso fluxo de pessoas que o comércio local atrai. A inauguração está prevista para 2015.

"Vamos selecionar as melhores lojas da região para colocá-las dentro do centro de compras", disse o executivo ao DCI, constatando que, além de a infraestrutura do bairro ser precária, não existe um centro comercial próximo ao empreendimento a 12 quilômetros de distância.

A ideia de trazer as lojas de rua para dentro dos centros comerciais é levada ao extremo no caso do novo empreendimento da administradora Savoy, o Nova 25 de Março. O plano da empresa é fazer uma réplica da via de mesmo nome e é considerada o maior centro comercial a céu aberto da América Latina.

"O objetivo é fazer um segundo balcão de vendas da Rua 25 de Março: vender no varejo com preços de atacado. Não consideramos o empreendimento um shopping, mas um centro comercial de atacarejo", disse Cícero de Camargo e Silva, engenheiro civil e assessor técnico da diretoria da empresa.

Segundo ele, 150 lojistas procedentes da movimentada rua já fecharam contrato para abrir operações dentro do empreendimento, que conta, inclusive, com o apoio da União dos Lojistas da Rua 25 de Março (Univinco).

Tradicional ponto de compras paulistano e um dos elementos integrantes da cultura da Rua 25 de Março, o Mercado Municipal ganhou destaque no projeto. Além de apreender alguns traços da arquitetura do estabelecimento, o negócio trará consigo algumas das suas operações mais famosas, como as lanchonetes que vendem pastel de bacalhau e sanduíche de mortadela.

As principais diferenças entre a versão original e a réplica ficam por conta do investimento em segurança e organização do novo estabelecimento. Aglomeração de pessoas, congestionamento de veículos e furtos devem ser suprimidos ao máximo dentro do limite do centro comercial, tanto por conta de equipamentos de alta tecnologia e pessoal especializado como por adaptações futuras ao projeto.

"Visando atender ao turismo de compras, o projeto reserva espaço para estacionamento de ônibus e, numa segunda etapa, para a construção de hotéis", revelou Cícero de Camargo e Silva ao DCI. Segundo Cícero, o empreendimento será inaugurado em março de 2014.

Público-alvo

Resultado de diversas pesquisas realizadas nas localidades, os empreendimentos pretendem atender desde lojistas até a parcela da população que nos últimos anos obteve um acréscimo em sua renda mensal.

Popularmente conhecida como a nova classe média, o grupo é tido como uma das molas propulsoras do crescimento do comércio - crescimento acima da média do do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Tomando conhecimento dos hábitos de consumo e da rotina diária dessas pessoas, as empresas fazem de tudo para que os seus empreendimentos fiquem no meio do caminho entre o trabalho e a casa do consumidor. A estratégia é, se não for possível erguê-lo com via de acesso direta a um terminal de metrô ou ônibus, ao menos construí-lo próximo de um.

A Savoy e a Enplanta parecem ter compreendido esse movimento, por isso resolveram adquirir terrenos próximos ao ponto de escoamento de vários usuários de transporte público. O Estação Jardim Shopping fica perto da estação de trem Jardim Romano e o Nova 25 de Março, do terminal de ônibus de Santo Amaro e das estações de trem Santo Amaro e Socorro.

"Vamos oferecer para eles fast- -food, restaurantes, cinema - opções que ainda não podem ser encontradas na localidade. De uns anos para cá, o Brasil deu um salto e colocou uma população que antes só tinha dinheiro para comprar artigos básicos no consumo de produtos supérfluos", afirmou Falzoni.



Veículo: DCI


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