Para aproveitar o momento, P&G e Sklean (Mahogany) investem em lançamentos de produtos e novas lojas
O consumidor brasileiro está investindo mais em produtos de higiene e beleza e disso as fabricantes sabem bem. A ascensão da classe C, somada à melhora da renda e aos investimentos das companhias em inovação têm impulsionado esse mercado que só no ano passado alcançou US$ 42 bilhões em vendas no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
Na Procter& Gamble, o Brasil já está entre os dez países de maior importância para a companhia. “O ano passado foi muito bom, crescemos acima do mercado, em dois altos dígitos”, explica Gabriela Onofre, diretora da P&G Brasil.
Para sustentar esse crescimento, a multinacional apostou no lançamento de produtos, incluindo líderes de mercado em outros países, como foi o caso das fitas adesivas para os dentes Oral B Whitestrips. O produto de alto valor agregado, já que uma embalagem custa cerca de R$ 70, superou as expectativas da companhia. “Vendemos cinco vezes mais do que esperávamos”, explica a executiva.
Na parte de produtos para cabelo, a empresa trouxe uma linha de tinturas em espuma que também vem crescendo.Um levantamento da Nielsen aponta que o mercado de produtos para cabelo cresceu 12,2% em 2012. “O Brasil tem o maior mercado de pós tratamento de cabelos do mundo”, diz Gabriela.
Com investimentos globais em pesquisa e desenvolvimento de produtos na casa dos US$ 2 bilhões, a P&G consegue trazer novidades todos os anos para o Brasil. “Hoje temos 24 marcas no país de um total de 250 globais, o céu é o limite para os lançamentos”, diz Gabriela. Nos primeiros três meses desse ano, a companhia já lançou 90 tipos de produtos aqui.
A Mahogany, marca brasileira de propriedade do laboratório Sklean, também está aproveitando o momento para crescer com o mercado. Além de diversificar o portfólio - só no ano passado foram 150 lançamentos, entre produtos e embalagens - a empresa também está investindo na expansão da rede de franquias, hoje com 154 lojas no país. “Para este ano, o foco é abrir 20 novas lojas, especialmente em cidades do interior do país”, explica Brian Drummond, gerente de marketing do grupo e filho do fundador e CEO, Jaime Drummond.
No ano passado, a companhia registrou crescimento de 7,2% nas vendas e fechou o período com faturamento de R$ 95 milhões, além de 15 novas lojas. “Para este ano queremos crescer 15%”, explica Drummond. Voltada para os públicos A e B, a marca vem crescendo com a ampliação da linha e o acesso da classe C, o que vem fazendo com que a empresa invista na abertura de franquias não só em shopping centers, mas também em lojas de rua.
Além disso, a marca aposta na diversificação do portifólio, bastante conhecido pelos sabonetes e hidratantes corporais e que agora ganha destaque com o incremento da linha de perfumaria e fragrâncias. “Esse segmento já é o terceiro em vendas nas lojas e tem muito espaço para crescer”, diz Drummond.
Aumento da demanda tem efeitos colaterais
Como efeito colateral do bom desempenho do mercado de higiene e beleza, o setor de logística também vem registrando aumento da demanda. Na Ativa Logística, cujo core business está nos setores farmacêuticos, cosméticos e têxtil, o aumento do número de pedidos fez com que a companhia investisse na reestruturação de suas unidades de distribuição. “Esse é um mercado muito dinâmico e temos crescido junto, ao fazer entregas de um maior número de marcas”, explica Newton Tosim, diretor da empresa. Segundo o executivo, o segmento de cosméticos responde por 30% do faturamento da companhia. “No ano passado, tivemos um aumento de 15% no volume de cosméticos transportados”, revela. Parte desse aumento da demanda se dá pela dinamização do mercado, já que esse tipo de produto, que antes era vendido apenas nas perfumarias e supermercados, também ganham cada vez mais espaço nas prateleiras de farmácias e drogarias. Esse fenômeno é facilmente identificado no levantamento feito pela Nielsen, no qual as cestas de produtos do segmento Farma cresceram 10,5% no ano passado, ante 4,3% de alta em 2011, comparado a 2010. “Além do crescimento do setor de cosméticos, a ampliação dos canais de venda e o acesso da população vem impulsionando esse mercado”, avalia Natalia Uliano, analista de mercado da Nielsen.
Bom para a Ativa, que de uma carteira de 700 clientes, já tem cerca de 230 no setor de cosméticos e quer mais. “Estamos estudando a entrada em novos mercados, especialmente em Goiás, puxado principalmente pelo setor farmacêutico e de cosméticos”, diz Tosim.
Veículo: Brasil Econômico