Medida visa à ajustar padrão de iodação do sal ao nível de consumo dos brasileiros, considerado alto segundo a Organização Mundial de Saúde
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve aprovar hoje uma regra que reduz os níveis de iodo adicionado ao sal. Para a agência, a mudança, discutida desde 2011, é necessária por causa da alta quantidade de sal presente na dieta da população brasileira.
O consumo excessivo de iodo pode levar à tireoidite de Hashimoto. Provocada por uma falha no sistema imunológico, a doença faz com que o organismo não reconheça e passe a atacar a tireoide, provocando o hipotireoidismo. Pessoas com tireoidite têm fadiga crônica e ganho de peso. "Em excesso, o iodo faz mal à saúde. Por isso temos de rever os padrões", diz o diretor da Anvisa, José Agenor Álvares da Silva.
Pela estimativa do governo, o brasileiro consome, em média, 8,2 gramas de sal diariamente. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que, para esse padrão de consumo, a faixa de iodação fique entre 20 a 40 miligramas para cada quilo de sal. A proposta em estudo na Anvisa se ajusta a esses parâmetros e prevê uma faixa de adição de 15 a 45 miligramas de iodo para cada quilo de sal. Atualmente, a relação é de 20 a 60 mg por quilo.
O alerta sobre a necessidade de mudança foi dado em 2007 com base em pesquisas feitas pela OMS que mostravam que o País era um dos maiores consumidores de iodo no mundo, numa proporção acima do que é considerado adequado.
Álvares da Silva conta que a discussão na Anvisa foi proposta pelo Ministério da Saúde. Um grupo de trabalho, com representantes do governo e especialistas, foi formado para avaliar a mudança.
Cronograma. Segundo a Anvisa, a faixa agora proposta tem o aval de representantes do setor produtivo. A mudança, porém, não seria imediata. A resolução, se aprovada, prevê um cronograma para a redução nos níveis.
A adição do iodo no sal foi adotada no País para prevenir dois problemas: o cretinismo e o bócio. O primeiro é provocado pela deficiência do nutriente na gravidez - estudos mostram que um terço das crianças que não recebem a quantia adequada do iodo durante a gestação apresenta problemas no sistema nervoso central, e outro terço, deficiência cognitiva. O bócio, por sua vez, é provocado pela falta do iodo em adolescentes e adultos.
Veículo: O Estado de S.Paulo