Lavazza busca ampliar presença no país

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A italiana Lavazza, uma das líderes mundiais em café expresso, espera um crescimento significativo no mercado brasileiro neste e nos próximos anos. O país ainda representa uma parcela muito pequena no faturamento total do grupo - somente 2% - e, por isso, a empresa considera que ainda há um grande mercado a ser explorado.

A companhia, que está presente em 90 países, estima aumentar em cerca de 20% o faturamento neste ano no Brasil e ter um crescimento de "dois dígitos" anualmente nos próximos três anos, segundo Cesare Noseda, gerente-geral da Lavazza do Brasil e diretor nas Américas do Sul e Central. No ano passado, a receita no Brasil foi de cerca de R$ 50 milhões.

No mercado brasileiro, a Lavazza comercializa o equivalente a 1 milhão de cápsulas de café por mês para restaurantes, hotéis, cafeterias e escritórios. Em 2012, todo o grupo faturou €1,330 bilhão ante € 1,268 bilhão em 2011. A comercialização e aluguel de máquinas para o expresso representam cerca de 30% do faturamento total da Lavazza no mundo. A empresa comercializa globalmente um total de 17 bilhões de xícaras de café por ano.

O Brasil é o principal fornecedor de matéria-prima para a Lavazza - 45% de todo grão comprado pelo grupo -, mas consome pouco café expresso. No país, o consumo mais tradicional é do produto torrado e moído filtrado. Ainda assim, o setor movimenta no país um montante significativo de R$ 500 milhões por ano, segundo estimativa apresentada por Noseda. Não existem estatísticas oficiais sobre o volume de café expresso consumido no país.

Para crescer no país, a Lavazza investiu, no último ano, cerca de R$ 2 milhões a R$ 3 milhões na reestruturação de sua fábrica no Rio de Janeiro, inaugurou um centro de treinamento em São Paulo, um centro de assistência técnica para máquinas no Rio de Janeiro e um centro de treinamento na mesma cidade, que será inaugurado no próximo dia 17. Em todo o mundo, a Lavazza mantém mais de 50 centros de treinamento com o objetivo de difundir a "cultura do café expresso".

A fábrica brasileira, uma das seis do grupo no mundo - há uma também na Índia e quatro na Itália - tem capacidade de produção de cerca de 400 toneladas por ano e abastece apenas o mercado nacional, mas há expectativa de que passe a exportar para os mercados de Uruguai e Argentina. A unidade, adquirida em 2008 por meio da compra do Café Grão Nobre, foi remodelada e teve a capacidade produtiva ampliada no ano passado.

As vendas da Lavazza no Brasil estão concentradas em São Paulo e Rio de Janeiro, e o plano é ampliar os atuação em outras regiões, como o Nordeste e Sul do país, apontadas com grande potencial de crescimento no consumo de expresso.

Para ampliar sua presença no mercado brasileiro, a empresa italiana está implementando um acordo de franchising com o grupo Epura para ter 30 cafeterias no país nos próximos cinco anos. A estimativa é antes de julho abrir a primeira loja em São Paulo e a segunda até o fim do ano. A intenção é aproximar o consumidor da marca e mostrar o conceito do "autêntico" café italiano. "É estilo, não apenas uma bebida", diz Noseda. As primeiras lojas da Lavazza foram abertas na Europa e há planos de expansão para outros países como Estados Unidos, Reino Unido, Chile e Rússia.


Cooperativa vende robusta para Cuba

Agricultores familiares do Espírito Santo fecharam um acordo para a exportação de 1,2 mil toneladas de café robusta (conilon) para Cuba, por US$ 3 milhões. A Cooperativa Agropecuária Centro-Serrana (Coopeavi), selecionada pelo governo cubano, vai entregar cerca de 10% de sua produção anual. Desde 2005, o governo brasileiro oferece crédito a Cuba para a compra de alimentos, e parte do valor é usada para compra de café. Em média, o país compra todos os anos entre 8 mil e 9 mil toneladas de café brasileiro, o que equivale a cerca de US$ 23 milhões.

A expectativa para a compra inicial era de 600 toneladas de café, volume que, após negociações, mais do que dobrou. A carga será entregue em duas etapas. A primeira, marcada para maio deste ano, será de 7,8 mil sacas e deve beneficiar mais de 50 famílias de agricultores. Em agosto, a cooperativa enviará as 12,6 mil sacas restantes. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Brasil foi responsável por 93% do café importado por Cuba em 2011.

A expectativa para 2013 é que o governo brasileiro financie cerca de US$ 50 milhões de exportação de alimentos para Cuba, cuja demanda pode ser atendida também pela agricultura familiar brasileira, uma vez que o setor familiar responde por grande parte da produção de itens como feijão preto (76%), arroz (35%), milho (47%) e frango (50%).

Para fornecer o café, a Coopeavi participou de um processo de seleção organizado pelo governo cubano que incluiu cinco cooperativas. Três foram aprovadas pela CubaCafé, estatal cubana responsável pela torrefação e distribuição do café no país. A Coopeavi foi a escolhida por dispor de maior quantidade, melhor infraestrutura e ter experiência na exportação do produto.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário dará treinamento às cooperativas da agricultura familiar de diversas culturas para que participem de processos semelhantes ao realizado com a cadeia do café.


Custo menor eleva margens do setor

O recuo dos preços do café no mercado internacional no ano passado, principalmente os do arábica, mais caros que o robusta, contribuiu para a melhora das margens da Lavazza e de outras companhias do setor em 2012. Nos dois anos anteriores, quando as cotações da commodity atingiram níveis recordes, as empresas sofreram com os custos elevados.

Cesare Noseda, gerente-geral da Lavazza do Brasil e diretor da empresa para as Américas do Sul e Central, diz que, por ser mais barato que o arábica, o grão robusta pode ser "o meio de salvar custos" de muitas empresas. Ele considera que tanto no arábica quanto no robusta existe "boa qualidade e nenhuma qualidade". "Compramos bastante qualidade em arábica e robusta", afirma.

Segundo ele, a Lavazza não recorreu ao uso de café robusta de má qualidade quando os preços do arábica atingiram patamares muito altos. Mas muitas indústrias que não puderam repassar seus maiores custos para os preços do produto final diminuíram a qualidade do café industrializado.

"Nossa estratégia é nunca comprometer nossa qualidade", assegura. Ele afirma que a empresa prefere manter margens ruins a diminuir a qualidade e também se protege com instrumentos financeiros contra os ciclos de alta e baixa do café.

Considerado de pior qualidade que o arábica e usado na produção de café solúvel e nos "blends" do torrado e moído, o café robusta é importante componente nos blends da Lavazza. Conforme Noseda, a variedade é muito demandada, por exemplo, pelos consumidores do sul da Itália, país que ainda é o principal mercado da Lavazza. Para o executivo, o robusta traz cremosidade e corpo para a bebida, algumas qualidades que o arábica sozinho pode não acrescentar. Mas a empresa também trabalha com "blends" 100% arábica, segundo Noseda.



Veículo: Valor Econômico


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