Produto conquistou os paladares mais sofisticados e os apaixonados até viajam para conhecer sua produção
Da Grécia antiga até o tempo de Jesus, as oliveiras sempre estiveram em destaque no cotidiano das pessoas. Nos dias atuais, o seu produto mais nobre, o azeite, tem conquistado cada vez mais admiradores.
Assim como o vinho, o azeite também conta com ritual próprio de degustação, passa por processo de extração da fruta (no caso a azeitona) e tempo certo da colheita etc. Os vinhos têm os sommelier e o azeite, degustadores.
Também são grandes aliados dos pratos mais sofisticados e, em alguns casos, representam o toque final.
Mas as semelhanças param por aí. O azeite é um produto que tem prazo de validade — diferente do vinho que quanto mais envelhecido melhor — é perecível e sensível a calor, luz e umidade. E um vidro, mesmo importado, não sai tão caro e pode ser adquirido por cerca de R$ 80.
Patricia Galasini, profissional de marketing, se encantou tanto com o produto que virou uma especialista. Começou a degustar, fez uma viagem para a região de Molise, na Itália, e se apaixonou. “Verifiquei que no Brasil não tinha nada em cinco ou seis anos atrás, fiz um curso e vi a possibilidade de fazer uma feira”, afirma. Daí surgiu a ExpoAZeite que, neste ano, está em sua 7ª edição. O evento reúne importadores, produtores e comerciantes internacionais de diversos países da Europa como Espanha, Portugal e Itália e da América do Sul, especialmente Chile e Uruguai.
“Nessas viagens a gente compreende ao vivo como se produz o azeite, além da vista, pois todos os lugares na Itália, Espanha, que tem os produtores do azeite são lugares lindíssimos”, afirma a especialista que monta um grupo uma vez por ano, em novembro, para este tipo de viagem.
Embora o paladar seja algo pessoal, Patricia garante que quem se interessa pelo produto pode ficar de olho na gondola do supermercado, pois produtos acima de R$ 20 já começam a ser interessantes. “São mais gourmets”. E alerta: “Azeite sofre muito com tempo e temperatura e com o transporte, por isso, verifique sempre a data de validade”.
Jairo Klapp, outro especialista em azeite, diz que o brasileiro gosta de um sabor mais docinho que, infelizmente tem menos resistência. “Teve uma época que uma marca trouxe um azeite mais picante e acharam que estava com defeito”. Para Klapp, o consumidor deve prestar atenção na embalagem que, teoricamente tem de ser de cor escura para proteger contra a luz. “Hoje em dia tem um movimento para embalagens claras, mas preste atenção no líquido que deve ser viscoso, se ele for filtrado, sem borra. Se for filtrado vai ter”, ensina.
Para quem gosta é de comer, Marcelo Scofano, formado em gastronomia e culinária dá a receita: “Azeites extra virgens se harmonizam com as preparações por semelhança, ou seja, os mais intensos para pratos mais fortes e condimentados e carnes vermelhas e os mais leves para preparações como peixes e saladas”, ensina Scofano, criador do blog Coletivo Gourmet. A curiosidade de Scofano começou em 2006 quando foi convidado a participar de uma degustação informal. “Os primeiros azeites de qualidade começavam a chegar no Brasil e o consumidor necessitava de uma orientação. Essas degustações nos levaram a aprofundar os estudos e decidimos por uma viagem de pesquisa à duas importantes regiões de azeites na Itália (Umbria e Ttoscana), que resultou na publicação de um livro chamado “Um fio de azeite”, de autoria da jornalista Rosa Nepomuceno, consultora de condimentos e para o qual fui colaborador da parte gastronômica.” Embora Klapp e Patricia defendam a tese de que não há ainda no Brasil um produto comercial, Scafano discorda e diz que no Rio Grande do Sul é fabricado o primeiro extra virgem 100% brasileiro comercializado desde 2011, chamado Olivas do Sul. “Excelente azeite, das variedades arbequina e arbosana e que foi citado inclusive no único guia dos melhores extra virgens do mundo, o Flos Olei.
Veículo: Brasil Econômico