Aeroporto JK amplia espaço para o varejo e busca marcas

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A nova concessionária do Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasília, dá largada nos próximos dias a uma corrida que promete sacudir o varejo local. Com o lançamento de seus catálogos comerciais, terão início formal as negociações para atrair grandes marcas nacionais e internacionais às áreas que serão ampliadas até a Copa do Mundo de 2014. A Inframérica, que assumiu em novembro a administração do aeroporto, está investindo R$ 750 milhões em duas extensões do terminal de passageiros existente e na reforma de toda a sua área central.

Serão oferecidos espaços que somam 2 mil m2 para lojas e redes do varejo, além de outros 3,7 mil m2 para bares, lanchonetes e restaurantes. A concessionária está de olho em marcas que ainda não chegaram ao mercado brasiliense, como Starbucks, Le Pain Quotidien, Applebee's, Ráscal e Empório Santa Maria. Também mira empresas que já atuam no Distrito Federal, mas nunca entraram em aeroportos brasileiros, como Outback, Domino's Pizza e Freddo. A meta é ter todos os contratos assinados até julho.

As sondagens não se limitam ao ramo de gastronomia e alimentação. Lojas próprias da Adidas, Nike, Calvin Klein e Lacoste são alguns dos alvos na área de varejo. Até agora, as conversas têm sido informais. A partir desta semana, começam as negociações para valer, com a definição de preços e critérios para aluguel.

O diretor comercial da Inframérica, Daniel Ketchibachian, observa que o aeroporto de Brasília tem características singulares. As pesquisas da concessionária apontam que circulam pelo terminal cerca de 45 mil passageiros por dia, concentrados nas faixas de renda A e B, dos quais 67% usam smartphones ou tablets. Eles usam o aeroporto, em média, duas horas por viagem.

"A nossa intenção é seduzir o passageiro para que ele venha com antecedência ao aeroporto e possa desfrutar de boas experiências. Com as marcas e conceitos que estamos implantando, vamos conseguir isso", afirma o executivo. Também chama a atenção o fato de que 43% dos passageiros são de voos de conexões. "Entre um voo e outro, você não escolhe quanto tempo vai gastar e tende a consumir mais."

A Inframérica pretende mudar a lógica de exploração dos espaços comerciais por quem desembolsar mais. Nos aeroportos sob gestão da estatal Infraero, a concorrência é pública e ganha a empresa que paga o maior valor mensal de aluguel. "Não vamos abrir um leilão. Estamos fazendo negociações privadas e pretendemos contratar quem oferecer um 'combo' melhor", adianta Ketchibachian. Segundo ele, além da preferência a marcas conhecidas do público, serão priorizados aspectos como instalações modernas e atendimento bilíngue.

A Corporación América, grupo argentino que divide com a brasileira Engevix o controle do aeroporto de Brasília, normalmente adota, como referência, a cobrança de uma parcela variável de 20% do faturamento de cada loja. Essa experiência, já usada na maioria dos 50 aeroportos que os argentinos operam, deverá ser repetida também pela Inframérica. Ketchibachian diz que a cobrança apenas de parcela fixa, com aluguéis muito altos, tende a encarecer demais os produtos comercializados pelas lojas e desestimular o consumo dos passageiros. "E é um erro pensar que o varejo nos aeroportos constitui um monopólio. Há situações diferentes. No mesmo aeroporto, há passageiros morrendo de fome e há passageiros que escolhem se vão ou não chegar com antecedência para tomar café da manhã ou almoçar. Esses talvez não estejam dispostos a pagar caro por um sanduíche ruim."

Algumas mudanças importantes estão previstas na configuração do aeroporto. Hoje, só 10% do faturamento comercial está dentro da área de embarque. Essa proporção deverá aumentar para algo perto 70% após a ampliação do terminal. O número de lanchonetes passará de 5 para 12, mas todas vão ter um espaço maior do que o atual, incluindo um restaurante de 500 m2 e um "miniestádio". Trata-se, na verdade, de uma choperia com temática em torno do esporte. A Ambev e a Devassa estão sendo sondadas.

A oferta de caixas eletrônicos deverá triplicar. Eles vão migrar do térreo para o último andar do aeroporto, perto da atual praça de alimentação, que será mantida, com o objetivo de atender uma demanda menos sofisticada. Ketchibachian lembra que 15 mil funcionários circulam diariamente pelo aeroporto, como os próprios empregados da Inframérica e das companhias aéreas, além de prestadores de serviço e o pessoal que trabalha nas lojas.

No mesmo andar funcionará a sala vip do aeroporto, com 1,5 mil m2 e capacidade para 300 passageiros, que adotará um conceito inovador no Brasil. O acesso será dado aos convidados das empresas aéreas - passageiros de classe executiva e viajantes frequentes -, como ocorre tradicionalmente, mas também a quem pagar uma taxa para ser sócio do espaço. A compra de acesso avulso será permitido. O detalhe é que a sala será operada diretamente pela concessionária e compartilhada por todas as companhias aéreas.

A Inframérica promete ainda ampliar o free shop da área de desembarque para 730 m2, mais de quatro vezes o tamanho da loja atual. Em 2012, só 2,5% dos passageiros no aeroporto de Brasília eram de voos internacionais. Essa proporção pode aumentar no futuro próximo. A Air France deverá inaugurar um voo para Paris em abril de 2014. Antes dela, a Aerolíneas Argentinas começará operações diretas para Buenos Aires, em julho de 2013. Uma consultoria estrangeira foi contratada para tentar atrair outras aéreas a Brasília.

Há conversas adiantadas com dois grupos - Dufry e Aldeasa - para assumir o novo free shop. Os espanhóis da Aldeasa, empresa recentemente rebatizada como World Duty Free Group, estão colocando os pés no Brasil pela primeira vez. Eles venceram licitação da Infraero para abrir uma loja no aeroporto de Belém, mas trata-se de uma operação acanhada.



Veículo: Valor Econômico


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