Supermercados esperam recorde de movimento hoje e prometem promoções. Consumidores trocam produtos importados pelos nacionais, mais em conta
Marinella Castro
Seguindo antiga tradição brasileira, milhares de consumidores devem comprar na última hora os ingredientes para a ceia do Natal. Os supermercados esperam movimento recorde. Quem for às compras hoje deve estar preparado para enfrentar congestionamentos, mas pode também pagar mais barato. “Hoje será um dia de concentração de ofertas, o que deve atrair os consumidores”, aposta José Nogueira Nunes, presidente da Associação Mineira dos Supermercados (Amis). Segundo ele, o Natal deste ano terá uma cara mais brasileira. O peru e frangos especiais continuam sendo campeões de vendas. “Já as frutas importadas perdem espaço para as nacionais, que oferecem qualidade e preço.”
Diferentemente de anos anteriores, as frutas nacionais ganham destaque e estão competindo em igualdade com artigos importados, que acabam pesando no custo final. Precavido, o consumidor quer festejar e ao mesmo tempo gastar menos. “A tradicional ceia de Natal costuma ser muito européia, com nozes e amêndoas. Uma forma de reduzir o custo é utilizar produtos nacionais”, recomenda a chef Adelaide Engler.
A dica é adotada pela administradora Lindaura Ramos Vasconcelos. Com R$ 2,5 mil, a família fará dois dias de festa para cerca de 70 pessoas. O tender foi substituído pelo peru, a R$ 10 o quilo. O lombo, o chester e o bacalhau do almoço foram comprados em locais diferentes, onde o preço estava melhor. O vinho, adquirido no atacado, ficou em conta, e as frutas serão da época, aproveitando promoções. “Estamos comprando melancia, manga e pêssego para enfeitar a mesa”, diz Lindaura, que este ano praticamente cortou os importados.
A cabeleireira Marilene Inácio de Carvalho vai fazer uma ceia para sete pessoas. “Tudo está caro. Este ano vou economizar.” Ela vai substituir o Chester de R$ 8 o quilo pelo frango assado a R$ 2,20. As frutas principais serão manga, ameixa vermelha e abacaxi. “Para sobremesa, vou fazer pavê de pêssego. O doce da fruta está na promoção por R$ 2,40 a lata.”
Em tempo de crise financeira mundial, o consumidor está mais nacionalista e também pesquisador. A artista plástica Vera Queiroz vai levar para a ceia na casa de amigos dois espumantes comprados a menos de R$ 15. “É preciso pesquisar e não ter preconceitos. Produtos baratos também têm boa qualidade”, alerta.
Aproveitando a disposição do consumidor, Adelaide Engler diz que o peru inteiro pode ser substituído pelas coxas, as frutas importadas pela castanha brasileira e itens tropicais, excelentes matérias-primas para sobremesas. De acordo com a chef, a cachaça ou o espumante nacional, adicionado à mistura de sucos de melancia, maracujá e laranja se tornam uma refrescante bebida. Dica apreciada pelo fotógrafo Antônio Soares. Para a ceia de Natal, ele gastará no máximo R$ 100. Ontem, foi às compras e cumpriu o orçamento. No cardápio, frutas da época, vinho nacional e chester. “Vou levar também panetone para as crianças.” A técnica ferroviária Alexa dos Santos e o engenheiro Wesley Isidoro Junior também decidiram pelas aves nacionais. “A carne é o item mais caro da ceia, por isso, vamos presentear os funcionários com o chester de Natal.”
Veículo: O Estado de Minas